ATA DA TRIGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 06-5-2010.

 


Aos seis dias do mês de maio do ano de dois mil e dez, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores Airto Ferronato, Aldacir José Oliboni, Bernardino Vendruscolo, Beto Moesch, Carlos Todeschini, Dr. Raul, Fernanda Melchionna, Haroldo de Souza, Juliana Brizola, Mario Manfro, Mauro Pinheiro, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Toni Proença e Waldir Canal. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Adeli Sell, Alceu Brasinha, DJ Cassiá, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, Engenheiro Comassetto, Idenir Cecchim, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Maurício Dziedricki, Nelcir Tessaro, Nilo Santos, Paulo Marques, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Tarciso Flecha Negra. Na oportunidade, foi apregoado o Memorando nº 016/10, de autoria da vereadora Maria Celeste, deferido pelo senhor Presidente, solicitando autorização para representar externamente este Legislativo, no dia de hoje, na solenidade de lançamento da VIII Jornada Estadual contra a Violência e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, às treze horas e quinze minutos, no Teatro Dante Barone daAssembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Ainda, foi apregoado Termo de Indicação de Líder e Vice-Líder, firmado pelos vereadores Bernardino Vendruscolo, Dr. Raul, Haroldo de Souza, Idenir Cecchim e Sebastião Melo, comunicando que, a partir do dia trinta de abril do corrente, os vereadores Dr. Raul e Idenir Cecchim passaram a exercer, respectivamente, os cargos de Líder e Vice-Líder da Bancada do PMDB. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nos 020/10, do Fundo Nacional de Assistência Social do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; e 905/10, da senhora Fernanda Almeida Cappelini, Supervisora de Produtos de Repasse da Caixa Econômica Federal – CEF. Após, o senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao senhor Vilmar Ieggli Coelho, Presidente da Federação dos Pescadores do Rio Grande do Sul, que discorreu sobre propostas do Governo Municipal para reforma de área do Largo Glênio Peres. Também, nos termos do artigo 206 do Regimento, a vereadora Fernanda Melchionna e os vereadores Airto Ferronato, Engenheiro Comassetto, Idenir Cecchim e Waldir Canal manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e trinta e oito minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e trinta e nove minutos, constatada a existência de quórum. Na oportunidade, o vereador Adeli Sell formulou Requerimento verbal, solicitando informações acerca da organização das atividades da Semana Farroupilha de Porto Alegre. Em continuidade, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado, nos termos do artigo 180, § 4º, do Regimento, a tratar de questões atinentes aos serviços públicos de saúde no Município de Porto Alegre. Compuseram a Mesa: os vereadores Nelcir Tessaro e Bernardino Vendruscolo, respectivamente Presidente e 1º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre; e o Senhor Jorge Luiz Eltz de Souza, Diretor do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul – SIMERS. Após, o senhor Presidente concedeu a palavra, nos termos do artigo 180, § 4º, inciso I, ao senhor Jorge Luiz Eltz de Souza, que se pronunciou sobre o tema em debate. A seguir, o vereador João Bosco Vaz manifestou-se acerca do pronunciamento do senhor Jorge Luiz Eltz de Souza, tendo-se manifestado a respeito o vereador Engenheiro Comassetto. Na ocasião, em face de Questão de Ordem formulada pelo vereador Pedro Ruas, o senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da ordem de pronunciamento dos senhores vereadores em Comunicação de Líder. Às quinze horas e nove minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e onze minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores João Antonio Dib, Pedro Ruas, Sebastião Melo, João Antonio Dib, este pelo Governo, Engenheiro Comassetto, Luiz Braz, Elias Vidal, Airto Ferronato, Reginaldo Pujol e Nilo Santos e a vereadora Fernanda Melchionna, esta pela oposição. Na oportunidade, foi apregoado o Memorando nº 044/10, firmado pelo vereador Nelcir Tessaro, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, por meio do qual Sua Excelência informa a Representação Externa do vereador Paulinho Ruben Berta, no dia de hoje, na Conferência Livre dos Esportes, às quatorze horas, no Centro Social Marista, em Porto Alegre. Também, a vereadora Fernanda Melchionna formulou Requerimento verbal, solicitando a retirada de termos constantes no pronunciamento do vereador Elias Vidal em Comunicação de Líder. Ainda, o vereador Nilo Santos formulou Requerimento verbal, solicitando fosse encaminhado ao Grupo Hospitalar Conceição Pedido de Informações sobre a permanência de médicos brasileiros no Haiti, e o vereador Engenheiro Comassetto formulou Requerimento verbal, solicitando que a senhora Jussara Cony seja convidada a comparecer a este Legislativo, para debate acerca do Grupo Hospitalar Conceição. Em COMUNICAÇÕES, nos termos do artigo 180, § 4º, inciso III, do Regimento, pronunciaram-se os vereadores Aldacir José Oliboni, Carlos Todeschini, Engenheiro Comassetto, Sofia Cavedon, Fernanda Melchionna, Adeli Sell, Dr. Thiago Duarte, João Antonio Dib, Dr. Raul, Idenir Cecchim e Alceu Brasinha. A seguir, o senhor Presidente concedeu a palavra ao senhor Jorge Luiz Eltz de Souza, para considerações finais sobre o tema em debate. Também, o senhor Jorge Luiz Eltz de Souza procedeu à entrega, ao senhor Presidente, de documentação relativa aos serviços públicos de saúde a que tem acesso a população porto-alegrense. Após, por solicitação do vereador João Bosco Vaz, foi efetuada nova verificação de quórum, constatando-se a existência do mesmo. Em GRANDE EXPEDIENTE, pronunciaram-se os vereadores Dr. Thiago Duarte e Elias Vidal. Em PAUTA, Discussão Preliminar, 1ª Sessão, estiveram os Projetos de Lei Complementar do Legislativo nos 028/09 e 005/10, os Projetos de Lei do Legislativo nos 217 e 263/09, 018, 025, 038, 042, 047, 049, 055, 059, 060, 061, 067, 069 e 074/10, o Projeto de Lei do Executivo nº 012/10 e o Projeto de Resolução nº 012/10, discutido pela vereadora Sofia Cavedon. Durante a Sessão, o senhor Presidente registrou as seguintes presenças: do vereador Leandro Rodrigues Berghahn e do senhor Patrick Franke, respectivamente Presidente e Assessor Jurídico da Câmara Municipal de Panambi – RS –, tendo-se manifestado a respeito o vereador Reginaldo Pujol; e do pastor Laerte Lanza, Vice-Presidente da Associação Central Sul-Riograndense da Igreja Adventista. Às dezoito horas e onze minutos, constatada a inexistência de quórum, em verificação solicitada pelo vereador Haroldo de Souza, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os senhores vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos vereadores Nelcir Tessaro, Mario Manfro, Bernardino Vendruscolo e João Carlos Nedel e secretariados pelo vereador Bernardino Vendruscolo. Do que eu, Bernardino Vendruscolo, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada por mim e pelo senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Vilmar Ieggli Coelho, Presidente da Federação dos Pescadores do Rio Grande do Sul, está com a palavra para tratar de assunto relativo ao Largo Glênio Peres pelo tempo regimental de dez minutos.

 

O SR. VILMAR IEGGLI COELHO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, quero agradecer este espaço, é um prazer estar aqui. Sou Presidente da Colônia de Pescadores, da Federação dos Pescadores do RGS e Conselheiro do Conape, em Brasília. O que me traz aqui é a nossa preocupação com o pescador. Nós temos uma feira que já completou 230 edições e que vem crescendo desde 2006. Em 2006 foram vendidas 205 toneladas; em 2007, 215; em 2008, 240; em 2009, 270; este ano foram 275 toneladas. Cerca de duzentas mil pessoas transitaram pelo Largo Glênio Peres nos quatro dias da feira. Isso é muito expressivo, a gente trata disso com todo o carinho, porque a gente faz parte dessa feira, tudo o que o pescador tem para trabalhar diretamente com o consumidor é aquela feira.

Temos aqui um layout de um projeto da Prefeitura sobre o deque, o chafariz e outros melhoramentos para a feira. A nossa preocupação não é com o melhoramento - o melhoramento tem que existir -, mas com o espaço da feira. Atualmente são 75 bancas, três pescadores por banca. Pergunto: se vão construir um deque e um chafariz, o que vai sobrar de espaço para a feira? Não vamos conseguir comportar isso. Então, a própria entidade está pedindo um esclarecimento para a Câmara de Vereadores sobre esse projeto, porque não sabemos de nada disso. Fazemos parte de uma feira e não sabemos nada disso! Os pescadores fazem parte dessa feira há 230 anos; eu não tenho essa idade, mas não sei quantas pescadores já participaram. Está aqui, foi dito, só que a entidade sequer foi avisada, eu soube pelo Jornal do Mercado Público. O que a gente quer é um esclarecimento, nós não vimos aqui criticar A ou B, se tem ou não que fazer melhoramentos; o que não queremos é que a classe seja prejudicada - aliás, não é só uma feira do peixe, é do pêssego, do artesanato, da floricultura, de todos os tipos.

Ali é um espaço de Porto Alegre, por isso acho que deve ser preservado. Mas nós queremos ouvir e saber como vai ser equacionado esse problema: se já está no papel, se não tem mais jeito, a realidade é essa. Porque, na verdade, é o seguinte: chafariz nós temos em quantidade dentro de Porto Alegre, mas nenhum funciona, são secos, só o nome é chafariz, é só procurar dentro de Porto Alegre para ver quantos chafarizes têm água! Tudo bem, acho que isso é uma coisa que tem que ser bem pensada. Pode fazer, mas não em detrimento à nossa classe dali, porque ela tem só a Semana Santa para tratar diretamente com o consumidor. Essa data é ímpar, é a única do pescador, o resto ele tem que se virar com o atravessador. Desculpe-me, é a realidade.

Parece que estão querendo colocar a feira para dentro do Mercado Público, só que o prédio não comporta mais, tenho certeza disso e quero que me provem o contrário. Então, o que nós queremos é continuar; se tiver que revitalizar, isso vai ser feito, mas não em detrimento à nossa feira, que tem 230 anos. Era esse o recado que eu queria deixar e tenho certeza de que os senhores vão saber trabalhar esse projeto que está aí. A gente tem uma preocupação muito grande com a classe. Começamos no Cais do Porto, já estivemos ao lado do antigo mercado livre, e aquele ali é o Largo Glênio Peres, que não é meu, é do povo de Porto Alegre. Não estou dizendo que o pescador seja o dono daquele espaço, mas geralmente é no Largo Glênio Peres que ocorrem todos os eventos e feiras de Porto Alegre. Então, eu gostaria do apoio dos senhores. Muito obrigado pela oportunidade.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): Convidamos o Sr. Vilmar Ieggli Coelho a fazer parte da Mesa.

A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Vilmar, parabenizo-o e agradeço a sua presença representando os pescadores do nosso Rio Grande. Quero dizer que a sua preocupação também é nossa. Esse projeto foi realizado sem o aval da Câmara de Vereadores, e as perguntas que o senhor traz são as mesmas que muitos Vereadores fizeram ao Governo, porque foi apresentado um projeto que todos nós tomamos conhecimento apenas pela imprensa. O que não significa que não desejamos a melhoria do Largo Glênio Peres, mas precisamos de uma melhoria que não descaracterize aquele espaço, que é de circulação popular, de mobilizações populares, de desenvolvimento de atividades artísticas e de trabalho, como é o caso dos pescadores, e é também um espaço de convivência em Porto Alegre, sempre foi caracterizado como tal. Parece-nos que o projeto apresentado muda essa característica, seja em função do chafariz, seja em função dos deques que avançam sobre o Largo Glênio Peres, talvez tolhendo esse espaço de convivência dos porto-alegrenses.

Então, quero sugerir - trago isto para o senhor ver que essa sua angústia é de muitos de nós também - que a Comissão de Urbanismo, Presidente, Ver. Mario Manfro, já marque uma reunião com a Prefeitura Municipal para que haja a apresentação dos projetos para os Vereadores e as Vereadoras, para as entidades envolvidas, para a população de Porto Alegre. Que possamos debater democraticamente esse espaço no coração da nossa Cidade, um espaço nobre, para que possa melhor servir o povo de Porto Alegre. Desde já faço um Requerimento, Presidente, Ver. Mario Manfro, no sentido de encaminharmos o assunto a alguma Comissão da Casa. Se não for possível - o Ver. Elias Vidal, Presidente da CUTHAB, não está entre nós no momento -, então que agendemos uma reunião na quinta-feira, como esta, com a presença da Prefeitura, com a presença dos atores envolvidos, para debatermos o projeto.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Airto Ferronato está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Ver. Mario Manfro; meu caro Vilmar, Presidente da Federação dos Pescadores do Rio Grande do Sul; em primeiro lugar, eu quero cumprimentá-lo pela exposição serena, muito tranquila, lúcida, expondo a posição da entidade com relação ao Largo Glênio Peres. Quando o senhor falou do chafariz, praticamente disse aquilo que eu estava pensando em dizer, que é exatamente o que acontece, por exemplo, com o chafariz que nós temos em frente à Prefeitura. Eu moro em Porto Alegre há mais de quarenta anos e não me lembro há quantos anos não está funcionando. Então, antes de Porto Alegre se preocupar em construir chafariz, em tirar espaço das nossas feiras, nós precisamos, lucidamente, primeiro, colocar em funcionamento aqueles que não estão funcionando. Eu gostaria de dizer que nós, da Bancada do PSB, estamos juntos e acreditamos que o Largo Glênio Peres é um espaço público, entre outros, onde temos belíssimas feiras. A Feira do Peixe é um símbolo para a cidade de Porto Alegre, dentre outras que temos. Em duzentos anos de história, não pode uma Prefeitura, um Prefeito, ou uma composição da Câmara trazer perdas e prejuízos a essa histórica feira da cidade de Porto Alegre. Conte conosco.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr. Presidente, prezado Vilmar, que representa aqui a Federação dos Pescadores do Rio Grande do Sul e a Colônia de Pescadores Z-5: em nome do nosso Partido, queremos cumprimentá-los e dizer que estamos sempre, como sempre estivemos, à disposição para o diálogo e para construir soluções para os problemas. Nós temos aqui dois temas - o dos pescadores e o do Largo Glênio Peres - e precisamos separá-los. Em 2008, aprovamos nesta Casa uma lei autorizando o Município a fazer a revitalização do Largo Glênio Peres. Agora, para executar a revitalização, é óbvio que o Município tem que chamar todos os setores que ali incidem para dialogar sobre o projeto e garantir os direitos e os espaços conquistados, como é o caso da Feira do Peixe e de outras atividades que ali acontecem.

Sr. Presidente, como Vice-Presidente da nossa Comissão, a CUTHAB, em nome do nosso Presidente, o Ver. Elias Vidal, que aqui não está, já assumo o compromisso de convidarmos tanto o Executivo como os setores envolvidos para discutirmos o projeto da revitalização do Largo Glênio Peres que está sendo apresentado, para que a lei que aprovarmos siga um processo que se chama de planejamento participativo, garantindo os espaços para todos que ali trabalham, trabalharam, construíram e constroem a história de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Idenir Cecchim está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento, por cedência de tempo do Ver. Dr. Raul.

 

O SR. IDENIR CECCHIM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Presidente da Colônia de Pescadores, eu acho que está havendo aqui uma “tormenta em copo d’água” e umas inverdades. O Presidente da Colônia sabe, e os Vereadores que aqui desfilaram ou não sabem ou não querem saber: não há nenhum movimento para retirar a Feira do Peixe de lá. Nunca houve. A Feira do Peixe é uma das instituições mais antigas da Cidade. Então, não adianta vir aqui com lero-lero, ou Tribuna Popular, ou alguma outra coisa sem informação - tanto o Presidente da Colônia como os Vereadores que aqui desfilam sem saber, pelo jeito, o que estão dizendo. Desculpem-me, mas não há nenhuma informação... Não é verdade que se mexeu, ou que se falou na Feira do Peixe, ou que há uma revitalização. Há um tempo, durante este ano, que precisa ser usado para reformar o Largo Glênio Peres. Se vai ser feito chafariz ou outras coisas para embelezar, isso é necessário. Agora, na Feira do Peixe nunca se mexeu.

O que me parece é que há interesse de outras feiras. Ver. Haroldo de Souza, não é a Feira do Peixe. Estão usando uma coisa consolidada e tradicional de Porto Alegre, fantástica, a qual a Colônia de Pescadores Z-5 quase sempre administra, e acho que tem que começar a democratizar isso também, porque não podem duas ou três pessoas ficar mandando uma eternidade, querendo vir aqui criar confusão. Não há esse interesse. Nunca foi pedido para mudar. Nunca se falou em tirar a Feira do Peixe. O que há, sim, é o interesse de outras feiras com fins lucrativos, e isso, sim, nós temos que cuidar, porque o Largo Glênio Peres não é um salão de exposição. É o Largo Glênio Peres da população de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Waldir Canal está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. WALDIR CANAL: Sr. Presidente, Ver. Mario Manfro; Sr. Presidente da Colônia de Pescadores, em nome do Partido Republicano Brasileiro, venho aqui o parabenizar por sua preocupação. Vossa Senhoria não veio aqui para dizer que a Feira vai sair dali, mas perguntar em que termos ela vai ficar: qual espaço? De que maneira vai se dar essa revitalização? E ela é necessária. O senhor como pescador e como Presidente tem legitimidade e propriedade para falar e lutar pelas causas em que acredita, como Presidente da Federação e da Colônia.

Então, em nome do meu Partido, vou me aliar à CUTHAB, para avaliar melhor essa situação. O processo está aí, conforme V. Sª falou; está em andamento. Mas o acompanhamento se faz necessário até para não prejudicar os investimentos que ali serão feitos e para prestigiar o trabalho que já é feito. Como o senhor mesmo falou, durante a feira, ali comparecem 270 mil pessoas, e toneladas de peixes são vendidas. É um espaço garantido, com certeza o Prefeito José Fortunati tem sensibilidade, como o Prefeito Fogaça teve, mas é necessário discutir o assunto que o senhor traz aqui, que, com certeza, tem a sua relevância. Parabéns!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): Obrigado, Ver. Waldir Canal. Agradeço a presença do Sr. Vilmar e os esclarecimentos aqui trazidos.

Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h38min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro – às 14h39min): Estão reabertos os trabalhos.

 

O SR. ADELI SELL (Requerimento): Meu caro Ver. Mario Manfro, na presidência dos trabalhos, eu queria requerer à Mesa Diretora algumas explicações, se possível, acerca da Semana Farroupilha. Leio agora nos jornais que a escolha do patrono dos farroupilhas é uma atividade estadual, mas, como a efeméride se dá em Porto Alegre, a Capital, e, pelo que fui informado - tive o prazer de estar com o Vereador -, o Ver. Bernardino Vendruscolo representará de agora em diante a Câmara Municipal nos festejos da Semana Farroupilha, eu gostaria de saber se a Mesa já oficiou ao MTG, ao Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, à Prefeitura Municipal acerca da nossa participação. Nós esperamos que não volte a acontecer o que acontecia no passado, quando dois diligentes funcionários da Câmara estavam na Comissão e muitas vezes eram esquecidos, não eram convocados. Eu espero que, de agora em diante, sejamos respeitados enquanto Câmara Municipal. Então, eu queria fazer esse diálogo com a Mesa Diretora. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): Agradeço, Ver. Adeli Sell, levantaremos esse assunto na próxima Reunião de Mesa.

Solicito que o Ver. Bernardino Vendruscolo assuma a presidência dos trabalhos, em virtude de um compromisso externo que eu tenho neste momento.

 

(O Ver. Bernardino Vendruscolo assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

Hoje este período traz como tema específico os serviços públicos de Saúde no Município de Porto Alegre. Convidamos para compor a Mesa Dr. Jorge Luiz Eltz de Souza, Diretor do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul.

Registramos a presença do Sr. Leandro Rodrigues Berghahn, Presidente da Câmara de Vereadores de Panambi, e do Sr. Patrick Franke, assessor jurídico. Gostaria que o colega Ver. Reginaldo Pujol pudesse recebê-los lá na Presidência. Desde já agradecemos.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Presidente, eu quero dizer que, com o maior prazer, atenderia a sua recomendação e determinação, mas informa-me o Cerimonial da Casa que a representação de Panambi já foi recebida pelo Presidente e por vários setores da Casa, razão pela qual nós já fizemos as gentilezas merecidas à representação de Panambi.

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Obrigado. Esta Direção desconhecia essa informação, então agradecemos ao Ver. Reginaldo Pujol.

O Sr. Jorge Luiz Eltz de Souza está com a palavra.

 

O SR. JORGE LUIZ ELTZ DE SOUZA: Boa-tarde, Sr. Presidente e Srs. Vereadores; boa-tarde a todos os participantes desta Sessão da Câmara de Vereadores. Em primeiro lugar, queria agradecer a oportunidade que a Câmara dos Vereadores está dando ao Sindicato Médico para falar sobre a situação da Saúde no Município de Porto Alegre. Isso é uma questão muito importante, porque a gente entende que a Saúde no Município de Porto Alegre tem-se agravado, tem-se deteriorado progressivamente e está levando a uma desassistência da nossa população. O que se vê hoje em Porto Alegre, na realidade, é a falta de médicos de uma maneira geral, faltam médicos especialistas, muitos dos próprios da Prefeitura estão, na sua estrutura física, sucateados, há uma desassistência geral da população, há fila por remédio, por consulta, por exame. O paciente tem dificuldade em conseguir tudo de que precisa: tem dificuldade de conseguir uma consulta, tem dificuldade de conseguir um remédio, tem dificuldade de conseguir uma internação hospitalar. Essa é uma situação muito grave.

Tudo o que vou relatar aqui está documentado. Aqui há um dossiê da Saúde Pública de Porto Alegre, montado pelo Sindicato, com reportagens da imprensa de Porto Alegre retratando tudo o que vou falar. Quero entregar ao Sr. Presidente e a todos os Vereadores este dossiê, para mostrar a grave crise que enfrenta a Saúde em Porto Alegre.

Começo pelo Hospital de Pronto Socorro. Hoje conversei com o seu Diretor, o Dr. Júlio Ferreira, e ele me disse que reconhece que faltam 20% dos médicos necessários para o atendimento desse hospital. Só no Setor de Radiologia, que eram 28 profissionais, hoje contamos com apenas 12. Significa que não se consegue fechar a escala normal de trabalho de uma semana. Isso mostra a gravidade; quer dizer, um hospital do porte do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre não consegue fechar a escala de Radiologia para o seu funcionamento. A superlotação do Hospital de Pronto Socorro é conhecida. A precarização física do hospital é conhecida. Além disso, pela ineficiência da rede pública de Saúde no Município de Porto Alegre, muitas demandas que deveriam ser atendidas nos postos acabam parando no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre. E o Dr. Júlio Ferreira constatou e falou para mim que estamos deixando de ser um hospital de urgência e emergência e nos transformando num grande postão. Isso é muito grave! E é afirmado pelo Diretor do Pronto Socorro, não sou eu que estou dizendo. E a Copa vem aí. Não estão todos preocupados com a Copa? Aonde vai ser atendida a população da Copa? Num postão?

O Hospital Presidente Vargas também está sucateado, hoje eu poderia dizer que ele está virando um hospital fantasma, com más condições de conservação do prédio, faltam anestesistas, as cirurgias eletivas estão sendo canceladas, desmarcadas. Existem alas completas fechadas no Hospital. E, curiosamente, vivemos em uma situação em que não existe leito de Psiquiatria em Porto Alegre, e a epidemia do crack agravou mais isso, só que o Hospital Presidente Vargas é um hospital-geral, não há nenhuma restrição legal para que se criem leitos de Psiquiatria no Hospital Presidente Vargas. Por que a Prefeitura não cria leitos de Psiquiatria no Hospital Presidente Vargas, se lá há área ociosa? Isso é um grande gargalo no atendimento da saúde da população.

Bom, eu falei do hospital fantasma; agora vou falar no hospital clandestino. O Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul - PACS - é um pronto atendimento, mas na realidade virou um hospital, por quê? Porque os pacientes que lá vão consultar e que precisam de internação vão para a sala de observação. Em uma sala de observação, o paciente tem que ficar 24 horas, no máximo 48 horas e depois ser transferido para um hospital com condições de atendimento de hospital, e não de um posto de saúde. Mas, como faltam leitos nos hospitais de Porto Alegre e como o HPV está com alas fechadas, essas pessoas ficam internadas por dez, catorze dias no Postão. Então, nós temos um hospital clandestino em Porto Alegre, que é o Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul. E mais: as condições físicas, de estrutura do posto estão cada vez piores. Eu poderia dizer que, na época da interdição, em 2007, quando o CRM interditou, as pequenas reformas que foram feitas não foram suficientes. Se nós chamarmos o CRM lá para fazer uma nova vistoria, eu tenho certeza de que o PACS vai ser interditado novamente, porque ele está novamente sem condições de atendimento à população.

Porto Alegre atende uma demanda da Cidade, e a gente sabe que, por ser um centro de referência, atende também pessoas de outros Municípios nas áreas de média e alta complexidade. Uma Cidade como esta, com 1 milhão e 700 mil habitantes e mais não sei quantos que vêm consultar aqui, dispõe de cinco aparelhos de eletroencefalograma: três estão no Hospital Presidente Vargas e dois estão no Centro de Saúde Santa Marta. Só que os dois que estão no Centro de Saúde Santa Marta não funcionam há mais de um ano. Então, nós temos, na rede pública de Porto Alegre, três aparelhos de eletroencefalograma. Essa é a situação da Saúde Pública em Porto Alegre. Quem passa no Centro de Saúde Santa Marta, no início do mês, pode ver as longas filas para obtenção de medicamentos. A população, para conseguir um medicamento, tem que se submeter a horas e horas de fila na chuva, no frio, no rigor do inverno, doente, com pneumonia; tem que ficar lá, esperando para conseguir um remédio. Para exame laboratorial também, tem que entrar em fila. Bom, se a gente for falar em exame de média, de alta complexidade, aí não é fila, aí a pessoa entra numa lista de espera, e a gente não sabe quando é que vai ser chamada. Uma vez, quando eu trabalhava no Centro de Saúde Modelo, foi solicitada uma ecografia para uma mulher grávida, e o exame foi marcado para depois do parto dessa mulher! Essa é a nossa situação.

Coloco uma outra questão. Quando houve a municipalização da Saúde em Porto Alegre, tínhamos três grandes centros de especialistas: o Centro de Saúde Santa Marta, o Centro de Saúde do IAPI e o Centro de Saúde da Vila dos Comerciários, o que chamavam de PAM-3. Esses Centros de Saúde tinham um grande número de médicos, um grande número de médicos especialistas. Só no PAM-3 havia mais de cinquenta médicos especialistas. Hoje existem oito médicos especialistas, e, em dois anos, não vai existir nenhum médico especialista no Centro de Saúde da Vila dos Comerciários, que já foi, na época em que era federal, um centro de referência em especialidades em Porto Alegre.

E mais: em toda a rede do Município de Porto Alegre existe um reumatologista, que vai se aposentar agora em dezembro. Portanto, Porto Alegre, a partir de janeiro, não vai ter nenhum reumatologista para atender a sua população. Essa é uma situação muito grave. E o que a gente vê a Prefeitura fazer para resolver essas coisas? No Centro de Saúde da Vila dos Comerciários existem oito especialistas. Em dois anos, não vai ter nenhum - zero -, porque todos esses especialistas eram da época do antigo INAMPS, e eles estão todos em final de carreira.

O tempo de espera para consulta de especialista e cirurgia varia de meses até um ano. Na reumatologia e na cirurgia vascular, certamente varia de seis meses a um ano, sem contar que a má gestão da Secretaria da Saúde com relação às consultas de médicos especialistas leva a um alto índice de absenteísmo nas consultas, porque as consultas são agendadas para meses adiante, quando o paciente ou já morreu, ou já achou uma outra solução, ou não conseguiu vale-transporte, ou alguma outra coisa ocorreu. Não há médicos especialistas; só abrem consultas para especialistas, porque há um absenteísmo fantástico nas consultas de médicos especialistas.

Olhem a questão da gestão na Saúde de Porto Alegre: há postos de saúde sem médicos, não existem médicos em postos de saúde! Os postos de saúde que foram inaugurados há um ano foram inaugurados fisicamente, pois até agora não foram abertos para o funcionamento. Acreditem, Srs. Vereadores, há postos de saúde sem pia, sem janela, com ratos, com insetos! O que eu estou falando está documentado, há fotografias, há reportagens na imprensa. Não sou eu que estou inventando que tem rato, que não tem pia, que não tem janela! Está tudo aqui documentado! (Mostra documentos.) Então, as condições de trabalho dos funcionários da Saúde em Porto Alegre são muito precárias. Pelos baixos salários, pelas precárias condições de trabalho, os médicos estão sendo expulsos do SUS, da Prefeitura de Porto Alegre. O que notamos é uma alta rotatividade de médicos novos. Os médicos que passam em concurso têm algumas alternativas: ou eles passam em concurso e não assumem, ou eles passam em concurso e ficam um plantão, ficam dois meses e vão embora, porque não aguentam o salário, as condições de trabalho e a falta de perspectiva de melhorar essa situação.

No ano passado, quando houve o problema da epidemia da gripe A, o Ministério Público exigiu que a Prefeitura abrisse uma das salas fechadas do Hospital Presidente Vargas para atender àquela epidemia. Já que não havia médicos da Prefeitura para trabalhar no HPV, a Prefeitura fez uma seleção, para contrato emergencial, de médicos para trabalhar naquele hospital. Eu quero ressaltar que, pela questão dos baixos salários, nenhum médico se candidatou, naquele período, para trabalhar no Hospital Presidente Vargas. Depois de muito tempo, a solução que a Prefeitura apresentou foi a de, através de uma cooperativa e através da PUC, contratar profissionais com salários maiores que os pagos para os médicos da Prefeitura, para eles trabalharem no final da campanha da gripe A.

Então, faltando médicos na rede, faltando especialistas na rede, para onde vai essa população? A população vai para os grandes hospitais. E esses hospitais estão superlotados, não dão conta da demanda. Os problemas nos postos de saúde não se resolvem por falta de remédio, por falta de exames, por falta de médicos, e a pessoa vai cair na Emergência, e aí a Emergência lota. Hoje e desde abril, as Emergências já estão lotadas. Como é que vai ser no inverno, período em que as internações aumentam? A gente sabe que para conseguir um leito em uma UTI tem de ligar para a Central de Regulação de Leitos e entrar na fila de espera. Ou seja, se o paciente estiver mal, quando conseguir a vaga na UTI, não vai mais usar essa vaga, porque estará morto. Esta é a triste e dolorosa situação da Saúde em Porto Alegre!

Com relação à questão da diminuição do número de leitos na cidade de Porto Alegre: acontece que, de 1993 a 2009, foram fechados vários hospitais. E, ultimamente, com o fechamento do Hospital Independência, que atendia o setor de Traumatologia, que fazia cirurgias nessa área, o que estamos vendo é que o setor de Traumatologia está se transformando numa fábrica de sequelados. Ou seja, casos leves, que poderiam ser resolvidos rapidamente com um tratamento, não são tratados, as pessoas entram em filas de espera por cirurgias, e, quando conseguem a cirurgia, elas não têm mais recuperação, porque já estão sequelados para o resto de suas vidas.

Sabemos que o PSF é um outro problema sério em Porto Alegre. Primeiro, eles eram contratados através da FAURGS; depois, rompeu-se o contrato, e o mesmo foi feito com o Sollus e, por último, está com o Instituto de Cardiologia. Isso é a terceirização da Saúde, é passar a Saúde Pública para entidades que trabalham com o lucro. Essa foi a grande luta, a batalha, na implantação do SUS: acabar justamente com o lucro em cima da miséria, em cima da saúde da população. E o que a Prefeitura está fazendo é terceirizar a Saúde em Porto Alegre: no PSF, no pronto atendimento em Psiquiatria. Lá no IAPI foi criado um pronto atendimento de Psiquiatria, mas, em vez de ser criado num próprio da Prefeitura, com funcionários da Prefeitura, foi criado através do Hospital Mãe de Deus, que paga um salário diferente. Aliás, os outros funcionários do PSF e também do Hospital da Restinga, do grupo Moinhos de Vento, têm salários melhores do que os médicos e funcionários concursados pela Prefeitura. Então, a gente passa dinheiro para o setor privado para lucrar com a Saúde, mas não pode dar um plano de carreira, não pode aumentar os salários dos funcionários.

A privatização da Saúde tem um grave problema: além de ser fonte de lucro e de precarização e de terceirização dos serviços, ela dá margem a desvio de recurso público. Sumiram 9,6 milhões de reais da Saúde de Porto Alegre. Até hoje esse dinheiro não apareceu! Até hoje ninguém tomou providências em relação a essa questão! Eu digo aos Srs. Vereadores: vocês têm um instrumento importante que pode fazer uma intervenção nisso, que é a criação e a instalação de uma CPI da Saúde, para ver onde foram parar os 9,6 milhões de reais que sumiram da Saúde, enquanto estão matando a população por desassistência! (Palmas.) Por quê? Isso não é campanha política! A população está morrendo, e os Vereadores não fazem nada para resgatar a saúde da população!

 

(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)

 

O SR. JORGE LUIZ ELTZ DE SOUZA: Sumiram 9,6 milhões! Onde estão os 9,6 milhões? Por que não se investiga? Se não têm nada a dever, vamos esclarecer! Vamos esclarecer o que está acontecendo!

 

(Tumulto no Plenário.)

 

O SR. JORGE LUIZ ELTZ DE SOUZA: Deixem-me terminar! Isso é a verdade! De tudo o que eu estou falando aqui tenho comprovação. Vou entregar, tem como comprovar.

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Eu peço encarecidamente a todos os Vereadores e a V. Sª, Dr. Jorge, que não debatam entre si. Vamos tentar conduzir de forma diferente, para mantermos este diálogo em alto nível. Então, pediria que o senhor concluísse.

 

O SR. JORGE LUIZ ELTZ DE SOUZA: Para concluir, faz mais de cinco anos...

 

(Tumulto no Plenário.)

 

O SR. JORGE LUIZ ELTZ DE SOUZA: Posso falar? (Pausa.) Faz mais de cinco anos que o Sindicato Médico vem discutindo com a Prefeitura a questão da Saúde. Aqui, neste dossiê, há vários ofícios que o Sindicato Médico fez para a Prefeitura de Porto Alegre solicitando providências sobre todas as questões de que eu falei aqui. Está aqui, eu vou entregar a vocês.

Nesses cinco anos, a gente vem pedindo e discutindo com a Prefeitura a necessidade de um plano de carreira para a Saúde no Município de Porto Alegre. Um plano de carreira específico para os médicos, para resolver essa falta crônica de médicos em Porto Alegre. É público e sabido que os médicos estão fazendo uma mobilização para conseguir, de fato, esse plano de carreira. Nós conseguimos que se fizesse um Grupo de Trabalho com a Prefeitura, o Sindicato Médico e com a participação de dois Vereadores desta Câmara Municipal, para discutir um plano de carreira para os médicos. Eu acho que esta é uma questão muito importante, e a Câmara de Vereadores pode avançar em relação a isso, ajudando a trazer de volta os médicos para o SUS, porque os médicos estão sendo abandonados.

Encerrando, eu quero lembrar tudo o que eu falei aqui antes. Não vou me resumir só à questão da Sollus, eu falei muita coisa antes! Vamos debater toda a situação da Saúde no Município de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Ver. João Bosco Vaz, eu lhe pediria que encaminhasse só se for uma Questão de Ordem, para que possamos conduzir o trabalho com tranquilidade.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Ou esclarecimento, Sr. Presidente.

Eu quero saudar V. Sª, Dr. Jorge, que é bem-vindo aqui e traz dados importantes. Só para refrescar a cabeça de todos os Vereadores: em 2004, nós aprovamos a CPI da Saúde aqui, e o PT não deixou sair. Foi para a Justiça para não sair a CPI. Só para o senhor ter conhecimento disso.

 

O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Eu só queria registrar que isto não é Questão de Ordem, nem aqui...

 

(Som cortado conforme determinação da presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Ver. Engenheiro Comassetto, vou começar por V. Exª e pelo Ver. João Bosco Vaz: temos que entender o que é Questão de Ordem e o que é esclarecimento. Este microfone não serve para debate. Vossas Excelências se inscrevam e façam o debate dentro do Regimento. Obrigado. (Palmas.) (Pausa.)

Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, aqui nós temos uma lista para que os senhores se inscrevam, na medida em que vão chegando ou se interessando pelo assunto. Temos Vereadores já inscritos para falar. Há um pedido de Liderança do Ver. Pedro Ruas. (Pausa.) Vossa Excelência, Ver. João Dib, também pede Liderança? (Pausa.) Ver. João Dib, um momentinho só!

 

(Tumulto no Plenário.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Vereadores, por favor, acalmem-se! (Pausa.) Ver. João Antonio Dib, o tempo é seu.

 

O SR. PEDRO RUAS (Questão de Ordem): Mas eu pedi antes!

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Eu entendi que Vossa Excelência havia concordado com ele.

 

O SR. PEDRO RUAS: Não!

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Fica difícil coordenar se não há entendimento. Um momentinho só! (Pausa.) Vou suspender os trabalhos por alguns minutos, porque assim não é possível trabalhar, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores.

(Suspendem-se os trabalhos às 15h09min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo – às 15h11min): Estão reabertos os trabalhos. Agradecemos a colaboração de todas e de todos.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Bernardino Vendruscolo; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, meu caro Dr. Jorge Eltz, meus senhores e minhas senhoras, em primeiro lugar, quero pronunciar o nome de dois médicos com o mais profundo respeito e eu poderia fazer isso com muitos mais médicos, mas vou lembrar de dois que não estão mais no nosso meio; casualmente, os dois são nomes de ruas: Dr. Ricardo Gavenski, que é o maior neurocirurgião que eu conheci - e conheci muitos -, e Dr. Rubem Knijnik, urologista. Mas não é o caso, apenas quero dizer do meu respeito pelos médicos.

Eu tenho uma longa vivência no serviço público municipal, sou um servidor público por vocação, formação e convicção. Quero cumprimentá-lo, Dr. Jorge Eltz, pela belíssima apresentação que V. Sª faz do caos, das dificuldades no atendimento médico na cidade de Porto Alegre. Realmente, vivemos momentos extremamente difíceis, cada vez temos menos recursos, especialmente porque, em sete anos, o nosso Presidente Lula mandou 335 milhões de reais a menos do que deveria ter mandado para Porto Alegre.

Mas deixemos de lado, vamos à Grécia hoje. A Grécia enfrenta uma crise terrível, e os outros países da Europa estão dando recursos para que a Grécia saia do seu problema terrível. O que faz a Grécia? Aumenta impostos, diminui salários... Sr. Presidente, acho meio difícil continuar...

 

(Tumulto no Plenário.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Eu pediria encarecidamente aos Vereadores... Só um pouquinho, Ver. João Antonio Dib, o seu tempo vai ser garantido. Eu pediria... Ver. João Bosco Vaz, por favor! (Pausa.) Ver. João Antonio Dib, prossiga, por favor.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Eu dizia que a Grécia aumentou os impostos e diminuiu os salários. Em Porto Alegre nós estamos vivendo uma crise na Saúde. Do que precisamos para encontrar a solução do problema?

 

(Tumulto no Plenário.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Ver. João Antonio Dib, só um momentinho! Vereadores! Ver. João Bosco Vaz e Ver. Dr. Thiago, por favor, eu convido os senhores a irem até a Bancada do PDT, porque lá terão mais espaço, evidentemente, para debater.

Ver. João Antonio Dib, V. Exª pode prosseguir.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, eu dizia que nós vivemos uma crise no atendimento à Saúde em Porto Alegre. E o que o Sindicato Médico nos propõe? Solução para o problema? Não! Está dizendo que se precisa fazer um plano de carreira para os médicos. Eu acho que tem que se fazer um plano de carreira para todos na Prefeitura. A Prefeitura tem 950 médicos e 250 engenheiros. Os engenheiros, antes dos médicos, já tinham um salário mínimo, por lei, de seis salários básicos para 30 horas. Nunca receberam isso e também não brigaram por ninguém. São 950 médicos e 250 engenheiros. Isso é o que tem a Prefeitura em toda a sua Administração Centralizada e nas autarquias.

Bem, esse problema do Hospital Pronto Socorro, muito bem desenhado pelo nosso Dr. Jorge Eltz, não é uma coisa nova, já vem de mais tempo. Eu também, quando fui Prefeito, vivi esse problema. Os médicos queriam uma modificação no salário e fizeram movimentações, cartazes. Um médico dizia que não podia atender a um doente com cólicas, porque não tinha, no Pronto Socorro, a medicação Buscopan. Não tinha Buscopan! E fiquei muito impressionado porque não tinha Buscopan no Pronto Socorro, mas eu disse para o médico que havia três mil injeções de hioscina. É o mesmo Buscopan! O mesmo médico e mais um outro médico lá diziam que não havia gaze para fazer curativo; no meu tempo de criança, se não havia gaze, o médico rasgava o avental e fazia o curativo, não havia problema nenhum.

Eu tenho todo o respeito pelos médicos. Nós precisamos tratar do problema da Saúde em Porto Alegre; agora, o médico não tem que levantar o problema Sollus da forma como foi feito. Não tem que fazer isso! A empresa Sollus está sendo investigada pelo Ministério Público, já foram trazidos documentos a esta Casa, e nós sabemos das coisas que estão acontecendo. Não são dez milhões, são 5,8 milhões de reais, e a Prefeitura está atrás deles, lançou na dívida ativa; se justificarem, documentarem, levam os 5,8 milhões de reais. Não foi abandonado.

Nós enfrentamos dificuldades na Lei de Responsabilidade Fiscal, que fixa até onde podemos ir com o salário da Prefeitura, até quanto nós podemos ir com o salário... (Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, Ver. Bernardino Vendruscolo; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, público que nos assiste, caro Dr. Jorge Luiz Eltz de Souza, que representa o Sindicato Médico, que, aliás, está com mais integrantes da Diretoria aqui; meu caro Lucio Barcelos, nosso Vereador do PSOL, médico também ligado à Direção do Sindicato Médico; falo em meu nome e em nome da Verª Fernanda Melchionna. Nós do PSOL, Dr. Jorge, temos absoluta convicção de que o senhor nos trouxe dados reais, verdadeiros e preocupantes. E digo por quê. Eles são reais e verdadeiros e, por si só, no seu mérito, na sua exposição, já nos levam à reflexão, mas são preocupantes também, Dr. Jorge, porque são a ponta de um iceberg. Isso aí é uma amostra pequena da crueldade em relação ao nosso povo, algo que chamamos de Saúde Pública em Porto Alegre.

Eu vou dar um dado que todos conhecem, vou relembrar. Quando houve o escândalo do Instituto Sollus, ficou constatado um prejuízo de 9,6 milhões de reais, divulgado pelo Ministério Público Federal - não foi pela Verª Fernanda Melchionna, não foi por mim; foi pelo Ministério Público Federal. Houve um prejuízo de 9,6 milhões de reais, e seria, Dr. Jorge, para nós, para a classe média? Não, para o Programa de Saúde da Família! A população mais pobre de Porto Alegre, mais carente, que mais necessita! Foi dela que roubaram! Foi dessa população que roubaram!

Nós somos os representantes do povo de Porto Alegre - deles, dos furtados, dos assaltados -, nós somos representantes aqui, e isso nos impõe responsabilidades. Qualquer Parlamentar, particularmente Vereador, tem uma dupla função constitucional: legislar e fiscalizar. Do ponto de vista das barbaridades ocorridas em relação ao Instituto Sollus, em relação à empresa Reação, em relação a outros que nós não conhecemos, porque não podemos investigar... Do ponto de vista de investigação, conhecimento e fiscalização, Dr. Jorge, não há outra maneira de agir que não seja pela Comissão Parlamentar de Inquérito. Não há outra maneira! Não há outra!

O Ministério Público do Estado está cuidando, com razão, com a Polícia Civil Estadual, da questão bárbara, inaceitável, do homicídio do Secretário Municipal de Saúde Eliseu Santos. Todos cuidam das suas tarefas, mas nós, Vereadores, aqui na Câmara, estamos devendo à população a Comissão Parlamentar de Inquérito. E devemos, sim! Já ouvi, e de ilustres personagens: “A CPI não vai adiantar nada, não vai esclarecer”. Essa é a pior hipótese. Ela pode ser eficaz - resolver, esclarecer, apontar culpados, responsabilidades, ressarcir os cofres públicos - ou ser ineficaz! Dizer que não vai adiantar é a pior hipótese. Prejudicar, não vai prejudicar. Pode não resolver, é verdade; pode ser um fracasso, é verdade, mas devemos correr esse risco, assumir o risco de ser um fracasso a CPI! Mas ela pode também ser um sucesso, ela pode também cumprir a sua tarefa, sua missão inconstitucional e de Lei Orgânica. A nossa obrigação não é garantir o resultado da CPI, a nossa obrigação é garantir que ela exista, e isso nós vamos fazer, Dr. Jorge. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Presidente Bernardino; Dr. Jorge, seja bem-vindo à nossa Casa. Nossos visitantes, senhoras e senhores, eu fui aprendendo, ao longo da caminhada, que uma crítica fundamentada a um Governo, em primeiro lugar, tem que ser recebida como contribuição, mas, quando há excessos, ela tem que ser rebatida. Eu acho que essa questão é mais profunda. O Sistema Único de Saúde, Dr. Jorge, talvez seja a maior inclusão social que este País teve nas últimas duas décadas, mas o SUS vive hoje na UTI. Primeiro, há uma zona cinzenta do ponto de vista de gestão. O Governo Federal diz que é com os Municípios, na gestão plena, no Estado. A maioria dos Municípios não tem gestão plena, e em relação a algumas questões não dá para dourar a pílula.

O Programa de Saúde da Família, contratado por terceirizados, Ver. Pedro, paga a um médico mais de cinco mil reais. O Simers defende que o médico tenha um piso nacional no valor de sete mil reais e que trabalhe 20 horas, mas hoje um concursado da Prefeitura não ganha nem dois mil reais. Eu acho que esta Casa, o Prefeito Fortunati e todos nós temos que enfrentar a seguinte situação: o Programa de Saúde da Família não é mais provisório. Eu duvido que qualquer Governo que ascenda à Presidência da República vá cortar os PSFs, e, se nós partirmos dessa premissa, temos que encontrar um denominador comum. Eu não posso fazer de conta que trabalho e fazer de conta que recebo. Reconheço que os médicos hoje não podem trabalhar as 40 horas por esse valor. Há muito tempo nesta Cidade há um acordo tácito deste Governo e dos Governos que o antecederam de que isso procede dessa forma! Acho que temos que enfrentar isso com toda a tranquilidade, com toda a boa discussão! Se é permanente, Ver. Carlos Todeschini, vamos fazer concurso.

Está lá o Presidente Lula dizendo: “Eu vou vetar os 7,7% e vou vetar o Fator Previdenciário”. Porque quem paga essa conta não é o Parlamentar que votou, porque o Parlamentar que votou pensou na sua eleição, talvez não pense no País! Vamos fazer bondade em época de eleição! Aqui todo o mundo já foi Governo e, de certa forma, sabe como é isso. Eu não resolvo questões difíceis com discursos fáceis.

Em segundo lugar, eu respeito profundamente, porque sou um democrata na essência, um democrata contumaz, mas quero dizer que ninguém chegou a esta Casa por Sedex, Dr. Jorge. Todos chegaram com os melhores compromissos republicanos, e esta Casa não será cabresteada por ninguém! Eu quero ser o primeiro a assinar essa CPI quando ela tiver um foco digno, quando ela tiver um foco que não seja eleitoral. Quando ela sair do foco eleitoral e entrar nas questões concretas da CPI, eu quero analisar essa possibilidade. Porque tão grave quanto à impunidade neste País é o denuncismo! Diga quem roubou. Tem o CPF da pessoa? Roubaram 9 milhões, 5 milhões, 6 milhões... Eu gostaria que assinassem isso. Quem roubou? Porque, se há indícios, eu quero reconhecer! Agora, no Estado Democrático de Direito, um governante não faz o que quer. Um Governo, no Estado Democrático de Direito, é Governo das leis e não dos homens! O Prefeito digno, honrado, José Fogaça de Medeiros, ao tomar conhecimento, mandou para o Tribunal de Contas. Mandou para o Ministério Público! Só não mandou para a Arquidiocese. De resto, mandou para todos.

Agora o seguinte: o que o senhor quer que eu faça? Então, vamos discutir, não há problema nenhum.

 

(Aparte antirregimental.)

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Vamos! Vossa Excelência deveria ter fome por CPI em momentos que não teve! Vossa Excelência, em certos momentos, negou CPI como o diabo nega a cruz! Vamos devagar. Não há problema nenhum. Aqui... (Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Peço, encarecidamente, que os Vereadores entendam que o tempo corre automaticamente, não podemos evitar a interrupção.

Apregoamos a representação desta Presidência pelo Ver. Paulinho Ruben Berta na Conferência Livre dos Esportes, no Centro Social Marista, na tarde hoje.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo Governo.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Bernardino Vendruscolo; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, meu caro Dr. Jorge Eltz, meus senhores, minhas senhoras, eu não desejaria fazer uso da palavra novamente, mas, nos cinco minutos que usei em Liderança pelo meu Partido, fui tantas vezes interrompido, que acredito que o meu raciocínio não tenha sido muito lógico.

O Dr. Jorge Eltz vem a esta Casa dizer das dificuldades que há em relação ao atendimento à Saúde no Município de Porto Alegre. Eu esclareci que, entre outras coisas, 335 milhões de reais o Presidente Lula não mandou para esta Casa, valor que teria sido mandado, na forma do Governo anterior, apenas pela correção monetária. Se em 2002 nós recebemos 307 milhões de reais para atender à Saúde, em 2008 nós recebemos 325 milhões de reais. Essa foi a primeira vez que os 307 milhões de reais foram superados. Portanto, não é só ao Município que cabe culpa. E não venham me dizer que a Governadora Yeda deve 40 milhões de reais para a Prefeitura, porque não é verdade. Quem deve é o Sr. Olívio Dutra e o Sr. Germano Rigotto, que foram condenados na Justiça e há precatório no Estado para ser pago. Então não venham me dizer isso!

Mas o que eu dizia é que a Grécia vive um problema muito difícil e está recebendo auxílio. O que vai fazer? Aumentar os impostos e reduzir os salários. O Dr. Jorge Eltz não nos deu solução para o mau atendimento da Saúde, para as dificuldades, para a falta de remédio, para a falta de condições físicas dos ambulatórios, para a falta de condições técnicas e físicas dos postos de saúde. Não nos deu solução. Apenas disse que não temos um Plano de Classificação de Cargos para a classe médica. Mas nós não temos também para os engenheiros. E não é porque eu sou engenheiro, mas vivi a Prefeitura como um todo. Eu sempre disse que sou um servidor municipal por vocação, formação e convicção. Então, quando se trata da cidade de Porto Alegre, que eu aprendi a amar ainda mais com José Loureiro da Silva, fico preocupado quando a intenção seria de trazer solução, e, em vez de solução, nós encontramos atritos.

Não me parece que seja solução trazer o caso do Instituto Sollus. Não é essa a preocupação dos médicos, pelo amor de Deus! Até porque os propalados 9,4 milhões de reais não são exatamente 9,4 milhões de reais ou 9,6 milhões de reais. A Prefeitura é muito atenta, são 5 milhões, 418 mil, 735 reais e 2 centavos, dos quais não foram apresentados documentos pelo Instituto Sollus. A Prefeitura já vinha segurando os recursos que o Instituto Sollus até pensa que tem a receber. É uma discussão que está na Justiça. A Justiça está tentando resolver, por intermédio do Ministério Público, há uma ação civil pública feita pela Prefeitura, e não cabe discutir a formação de Comissão de Inquérito. Já foi provado que não vai sair a Comissão de Inquérito. Nós temos tantos problemas para serem discutidos. Talvez até ajudassem a resolver a Saúde, mas vamos fazendo discursos e mais discursos!

Eu volto a dizer: a Prefeitura tem 950 médicos e 250 engenheiros. Qual é o mais importante para a vida da Cidade? É o médico? É o engenheiro? Os dois são importantes! Por que vou dar tratamento diferente para um, e o outro eu deixo mal? Como eu disse, os engenheiros têm salário básico de seis salários mínimos, fixados há mais de vinte anos. Eu ainda estava na Prefeitura quando o salário básico dos engenheiros era de seis salários para 30 horas. Nós ganhamos os mesmos 1,5 mil reais básicos que ganha o médico, só que o médico tem mais 110% quando ele está no Pronto Socorro, tem uma série de outras coisas que os engenheiros não têm. Agora, os engenheiros têm Dedicação Exclusiva, quase todos; não tem como ser engenheiro da Prefeitura e engenheiro de uma empresa particular.

Realmente, nós temos algumas dificuldades que precisam superadas. Precisamos melhorar o atendimento de Saúde, precisamos respeitar os médicos. Iniciei dizendo que eu tenho profundo respeito por dois grandes nomes: Ricardo Gavenski e Rubem Knijnik, com isso eu queria dizer da minha admiração... (Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Bernardino Vendruscolo; colegas Vereadores e Vereadoras, senhoras, senhores, lideranças aqui presentes, população que nos ouve, quero cumprimentar o Dr. Jorge Luiz Eltz de Souza - que representa aqui o Sindicato Médico - pela tranquilidade com que vem a esta Casa como uma entidade. Ver. João Antonio Dib, gostaria muito de falar a V. Exa e dizer que aqui todos têm o direito do livre-arbítrio; são responsáveis pelo que falam. Os colegas Vereadores dizerem que uma entidade médica, um sindicato não pode vir aqui fazer uma análise da Saúde da cidade de Porto Alegre é um equívoco.

Segundo, o Ver. João Antonio Dib fala que a crise é na Grécia, é verdade. Mas o Partenon que está sem médico, o Partenon que está com os Postos de Saúde fechados é o nosso Partenon aqui, não é o Partenon da Grécia! É isso que nós temos que analisar aqui neste momento, Ver. João Antonio Dib. E os seus números estão redondamente errados. O Governo Federal repassa diariamente ao Município de Porto Alegre, está em dia. Está aqui nos extratos da nossa Casa, que recebemos diariamente. Eu não vi, em nenhum período, nesses cinco anos e quatro meses em que estamos como Vereador, o Governo do Estado anunciar aqui repasse para a Saúde de Porto Alegre. E é verdade, o Estado, através da Governadora, Presidente Jorge, neste momento, deve mais de quarenta milhões aos cofres públicos do Município - para a Saúde de Porto Alegre. Em momento nenhum, o ex-Prefeito José Alberto Fogaça, que abandonou a Cidade, cobrou essa dívida da Saúde Pública.

Meu querido Ver. Sebastião Melo, eu queria lhe dizer que fazer discurso é muito fácil, sim, nesta tribuna. Agora, deve-se assumir a responsabilidade, como Governo, e querer investigar, principalmente quando há uma comprovação de que foram roubados 9,6 milhões da Saúde de Porto Alegre. Eu lhe digo mais: o pedido dessa CPI não é de hoje, de 2010, que é um ano eleitoral; é de 2007, que não era um ano eleitoral; de 2009, que também não era um ano eleitoral. E, em nenhum dos momentos, o senhor se propôs a assinar, porque nós já apontávamos e dizíamos o que estava acontecendo, e aí está. É unânime, em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul, o caos na Saúde. Eu quero lhe fazer um desafio aqui: se o senhor quer contribuir, mesmo num ano eleitoral, mesmo o senhor sendo candidato, a vaga de Relator da CPI está reservada ao senhor, como base do Governo Municipal, como grande representante do Governo Fogaça aqui nesta Casa. A Relatoria da CPI da Saúde está reservada, Ver. Pedro Ruas, como oposição, para o nobre colega Ver. Sebastião Melo, para que ele seja o Relator dessa CPI. Nós temos unidade de oposição! Então, a sua contribuição vai ser espetacular para a cidade de Porto Alegre, porque confiamos na sua honestidade e no seu discernimento político mesmo num ano eleitoral.

Este é o desafio que temos, sim, de um Parlamento que quer buscar o esclarecimento de todos os dados, e, neste caso da Saúde, não há nenhum colega Vereador aqui que tenha dúvidas sobre o problema que estamos vivendo. Temos que ter um pacto para zerar isso e realinhar esse tema da Saúde Pública, porque as pessoas estão morrendo nas filas, não há medicamento, não há estrutura, faltam profissionais da Saúde. O concurso público com o qual o Prefeito e o ex-Secretário se comprometeram aqui nesta Casa, para que fosse votado em março de 2007, até hoje não foi encaminhado - e V. Exª sabe que está se pensando num novo projeto. Eu poderia ir muito além aqui neste debate, mas são três questões fundamentais: primeira, as entidades são bem-vindas; segunda, a fala do Líder do Governo não é correta; terceira, a Relatoria está estendida ao senhor, Ver. Sebastião Melo... (Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Cumprimento o Vereador-Presidente; o convidado que está aqui representando os médicos da nossa Prefeitura; os Srs. Vereadores, as Sras Vereadoras, as senhoras e os senhores. Não sei o motivo da fala do Ver. Comassetto, ele conhece os dados, e, se não fala a verdade, não sei qual seria o motivo. Mas o Ver. Comassetto deveria dizer que a dívida do Governo do Estado com a Prefeitura foi gerada no Governo de Olívio Dutra, quando Olívio estava na Prefeitura Municipal. Isso ele deveria dizer, porque conhece. Não sei por que não fala, não sei se não quer reconhecer essa culpa. Não é? Mas ele prefere falar no Governo atual, sabe? Ele abre a sua “metralhadora”, faz todo o possível para desmoralizar o Governo atual e esconde o “rabo”. Mas assim não dá! Fazer política assim é enganar as pessoas, é ludibriá-las, é ludibriar a boa-fé daqueles que precisam ser bem informados, Ver. Pedro Ruas, porque nós temos a obrigação de informar bem a opinião pública, para que as pessoas possam pensar o correto a respeito do Parlamento e das pessoas que são responsáveis pela nossa vida, que são os nossos líderes. Então, quando damos uma má informação ou quando escondemos maldosamente uma informação - o Ver. João Dib já cansou de dar esta informação para o Ver. Comassetto -, estamos prestando um mau serviço para a nossa população.

Eu quero dar uma informação, Ver. Bernardino, para todos os Vereadores desta Casa; já avisei o Ver. Pedro Ruas, que é Líder da oposição, e o Ver. João Dib, que é Líder da situação: no dia 20 deste mês, as pessoas ligadas ao Instituto Sollus vão comparecer a esta Casa para prestar todos os esclarecimentos com relação à dívida que as pessoas dizem que é de 9 milhões, de 9,6 milhões, de 10 milhões de reais, mas eles dizem que não é isso. Então, fizeram uma auditoria nas contas e vão trazer o resultado para que os Vereadores possam conhecer. Eu acho que a nossa função não é destruir alguém, não é inviabilizar nada; a nossa função é esclarecer as coisas da forma como elas devem ser esclarecidas.

Se, porventura, a dívida não for essa, se a dívida for menor, temos que ver se a auditoria feita está correta, se o auditor é alguém que merece confiança, alguém responsável; é isso que temos que ver. Agora, se for tudo isso e os dados apresentados forem diferentes, Ver. Pedro Ruas, temos que começar a trabalhar com esses novos dados. Então, no dia 20, quinta-feira, neste plenário, o pessoal ligado ao Instituto Sollus vai trazer o resultado da auditoria, vai dar os esclarecimentos necessários. Acho que isso será importante para que a gente possa discutir essa relação entre o Instituto Sollus e o nosso Município, baseado realmente em dados que foram levantados por pessoas idôneas e que fazem esse levantamento da melhor forma possível. Afinal de contas, é em cima disso que temos que trabalhar, em cima de dados confiáveis, dados perfeitos, para que a discussão não fique de forma muito aleatória, porque isso é irresponsabilidade. Jogar dados aos “quatro ventos”, sem dizer as fontes confiáveis de onde foram tirados os dados, realmente é um desserviço que prestamos à população. Por isso fiz questão de trazer essas pessoas ligadas ao Instituto, para que revelem essa auditoria. Eles já se propuseram a comparecer...

 

(Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Elias Vidal está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Ver. Bernardino Vendruscolo; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, público que nos acompanha nas galerias e aqueles que nos assistem pela televisão, eu quero dar uma pausa, por minha conta, no assunto que os senhores estão tratando neste momento e falar de um outro assunto - ontem não pude estar aqui no plenário: de um Projeto nosso que está tramitando na Câmara de Vereadores. Ontem, na Ordem do Dia, quando da discussão do meu Projeto, alguns Vereadores vieram a esta tribuna, e eu acho que foram extremamente infelizes nas suas colocações, porque uma coisa é discordar de um Projeto de alguém, outra coisa é atacar o caráter da pessoa, o cerne da pessoa. Então, eu vou fazer aqui a minha reflexão com os senhores.

O meu Projeto é sobre a bebida alcoólica nos bares e nos restaurantes em relação à disciplina de horários. Eu preciso fazer aqui uma correção: os bares que eventualmente estejam funcionando com venda de bebida alcoólica em área cem por cento residencial fechariam às 22h. Lendo as notas taquigráficas, e li todas, percebi que todos os Vereadores que debateram, a maior parte contra, falaram com relação às 22h, como se eu estivesse falando para toda a Cidade - o Projeto, fechando às 22h, para toda a Cidade. É uma mentira! É uma afirmação fora de contexto, para servir de pretexto para o seu argumento. Então, não estão sendo honestos, vão ter que ler mais. Se quiserem vir aqui discutir o Projeto, como Vereador, têm que ter a capacidade de entender para discutir. Então, deve-se ir até o seu limite, não dizer besteira, não vir mentir nesta tribuna. Depois das 22h só em área miscigenada. Do meu ponto de vista, a Secretaria de Indústria e Comércio e o Governo deveriam ter se empenhado há muito e criado áreas adequadas, como, por exemplo, o Cais do Porto, que ficou trinta anos aí; só um Governo ficou 16 anos e não fez nada nesse sentido.

Agora, se as Secretarias relacionadas a esse assunto e os Governos não fizeram nada sobre isso, não são as pessoas que moram nas suas residências e que chegaram ali há 20 anos, 30 anos, ou a casa é de avós, 50 anos... Aí um bar se instala embaixo do quarto das famílias, que serão prejudicadas. Agora, se a Cidade não soube, não teve a capacidade de fazer o trabalho, de organizar para ter um lugar adequado para quem quer beber, para quem quer passar a noite toda, podendo gritar, virar a mesa, quebrar a mesa, virar cambalhota... Eles não podem fazer isso no “pé” do ouvido de uma criança que está dormindo, que precisa estar no colégio no dia seguinte, que precisa do sono para crescer; não podem fazer isso com aquele trabalhador que precisa do relaxamento muscular para poder trabalhar em uma sala cirúrgica, ou para dirigir, ou para operar em máquinas; isso em relação a qualquer outra profissão.

O Ver. Adeli Sell, ao discutir o Projeto, veio aqui e disse: “Este é um Projeto pega bobo”. Que expressão chula! Ver. Adeli, isso não condiz com o senhor, que, com sua gramática, está sempre tentando corrigir os Vereadores. A Verª Fernanda, de quem gosto muito, disse: “Canoa furada”; “Jogar para a torcida”. Eu quero que os Srs. Vereadores saibam de uma coisa: o Ver. Adeli Sell não fez nada, como Relator, na Lei de Diretrizes Orçamentárias; ele não aprovou nenhum projeto. Quando eu fui o Presidente e fiz exatamente o que ele fez, ele veio a esta tribuna e também usou muitos termos chulos... (Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA (Requerimento): Sr. Presidente, eu requeiro que o Ver. Elias Vidal retire a expressão que ele atribuiu a mim. Ontem eu não me pronunciei sobre o Projeto do referido Vereador. Apesar de eu não concordar politicamente com Projeto, eu não intervim e nem usei expressões chulas para designar o Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Recebemos a sua solicitação. O Ver. Elias Vidal já ouviu e é de sua responsabilidade responder.

O Ver. Airto Ferronato está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, nossos telespectadores, nossos ouvintes, meu caro Dr. Jorge Luiz Eltz de Souza, que na tarde de hoje fala pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul. Eu estive acompanhando e ouvindo todo o debate e me entusiasmei para me inscrever a partir da segunda manifestação do Ver. João Dib.

De plano, eu já digo que o Sindicato Médico, na minha posição, trazido pela exposição de V. Sª, é coerente, e está acertada a posição. Por quê? Porque, na verdade, eu sou funcionário público há exatos 35 anos - já disse “n” vezes -, trabalhei na União, no Estado e no Município e acompanhei, nesses 35 anos, a trajetória do serviço público e do servidor público, acompanhando, até com entusiasmo, as posições que se traziam e que se trouxeram à opinião pública sobre a visão do que é o serviço público e do que é o servidor público. Olha, confesso que os esforços foram bastante grandes no sentido de denegrir a nossa posição, de dizer que o servidor público é um peso suportado pelo pobre contribuinte e que as mazelas do setor público estariam sobre o nosso encargo. Falou-se tanto sobre isso e se instituíram tetos ao serviço público, que eu, desde o início, me manifestei publicamente favorável.

Só que certa vez eu disse da tribuna, e foi um rebuliço danado: “Eu concordo com o teto no serviço público desde que haja teto também no serviço privado.” Porque, meu caro Ver. Oliboni, alguém, quando vai comprar um par de chinelos, paga o custo do chinelo, e, dentro desse custo, estão os altíssimos salários, engordados salários pagos às Direções da iniciativa privada também. Então, é preciso que se tenha aí uma noção exata de que o custo suportado pela máquina pública e privada é suportado pelo consumidor, pelo contribuinte, que nós também somos. O servidor público também é contribuinte, por que não? Com essa ideia de que o servidor público é o peso e de que a iniciativa privada é a salvação, e sou favorável à iniciativa privada, sou amplamente favorável, foram-se encurtando os salários, a ponto de se chegar ao salário que se paga hoje a um profissional médico, a um profissional engenheiro na cidade de Porto Alegre.

Nós, da Câmara Municipal de Porto Alegre, precisamos estar atentos e compreendendo que é necessária, sim, uma análise criteriosa com relação ao valor desses salários pagos. Não há como se pretender um sacrifício desse tamanho de um profissional, por exemplo, um médico, que trabalha com um salário muito aquém daquele que necessariamente seria o salário justo e digno à categoria. É por isso que estamos fazendo esta manifestação, dizendo que é preciso rever os salários que são pagos no Município de Porto Alegre aos servidores públicos. Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, quero saudar o Dr. Jorge Luiz de Souza, que está conosco desde as primeiras horas da tarde, pela ampla exposição que fez aqui sobre a visão do Simers a respeito do serviço público de Saúde do Município de Porto Alegre. E ele continua assistindo a este acalorado debate que aqui se desdobra e que, a meu juízo, não tem nada a ver com aquilo que ele falou aqui para nós, em relação à posição do Simers.

Honestamente, eu aguardava que estivesse aqui o Dr. Paulo de Argollo Mendes, que era o anunciado, o Presidente do Simers. E por que eu aguardava o Dr. Argollo? Porque o Dr. Argollo, há seis anos, aqui nesta Casa, quando o Governo era de outro Partido, assistia ao desdobramento de uma reunião da Comissão de Constituição e Justiça em que este assunto, meu caro Dr. Jorge, foi tratado com muita tranquilidade, porque, na ocasião, já se discutia a constituição de Comissão Parlamentar de Inquérito na Secretaria de Saúde do Município. Na ocasião, meu caro Ver. Toni Proença, a Comissão de Constituição e Justiça da Casa, surpreendentemente, não teve condições de dar um Parecer; empatou em três a três. E o Dr. Argollo assistiu a toda aquela reunião.

Então, quero dizer ao senhor que lamentavelmente esse assunto - mal tratado como está sendo no dia de hoje - não vem de hoje, vem de muito tempo. Então, lamento que V. Sª não tenha provocado em nós, Vereadores - faço a mea culpa -, um debate positivo, porque o debate que aqui está acontecendo não é positivo. Ouvi com a máxima atenção as suas colocações, até prejudicadas em grande parte pelo sistema de som da Casa, que estava muito ruim e que muitas vezes agredia nossos ouvidos. Peço permissão a V. Sª para eu solicitar à Direção dos trabalhos acesso às notas taquigráficas da sua manifestação, para oportunamente a gente discutir esse assunto com mais serenidade, para não dizer com mais seriedade, porque esse assunto é muito mais do que polêmico, é um assunto que tem que ter profundidade.

Eu, no ano passado, nesta Casa, tinha delegado ao Dr. Raul, hoje Líder do PMDB, e ao Dr. Thiago, do Partido Democrático Trabalhista, como médicos vinculados ao Serviço de Saúde do Município, a competência de orientar o debate e, até não raro, de falar em meu nome. Acho que, nos termos em que o debate vem sendo conduzido, eu tenho que abrir mão, eu tenho que modificar essa posição. Vou me debruçar sobre a matéria, porque acho que não podemos eternamente ficar discutindo esse assunto com soluções pífias, um assunto que tem sido um grande palanque eleitoral nesta Casa, com as duas grandes facções políticas se acusando mutuamente sobre a responsabilidade.

Eu vou declarar, Dr. Jorge - é até uma homenagem que eu faço ao senhor, peço que transfira ao Dr. Argollo: eu não vou me preocupar em saber por que é que começou e onde é que começou esse imbróglio que tanto atormenta V. Sª e todos que se preocupam com a Saúde deste Município; a partir de hoje - é o compromisso que eu assumo com o senhor -, vou começar a trabalhar na busca de solução, porque a situação do jeito que está hoje e como esteve ontem não pode continuar. Nós temos que mudar. Se houve um erro na concepção do SUS, que se moldou na experiência cubana, onde os médicos se dispõem a trabalhar por uma ninharia, aqui no Brasil não pode ocorrer. E eu não vejo como - é irracional - pessoas convivam na mesma atividade, umas ganhando 7 mil reais e outras ganhando 1 mil e 800 reais. Eu agradeço a sua vinda aqui e peço que transfira ao Dr. Argollo as minhas homenagens. Diga a ele que, do meu ponto de vista, a coisa vai começar. E nós vamos buscar equacionar... (Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Nilo Santos está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. NILO SANTOS: Sr. Presidente, Ver. Bernardino Vendruscolo; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, senhores e senhoras, eu quero saudar o palestrante, Dr. Jorge Luiz Eltz de Souza, Diretor do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, Simers. Eu fiquei por último até porque estava em dúvida se deveria me manifestar ou não. Resolvi me manifestar exatamente porque eu tinha a ideia, Sr. Presidente, de que a vinda do Simers aqui não era para promover a CPI. O senhor vai me desculpar, eu achei que o senhor estivesse trazendo alguma contribuição do Simers, dando sugestões para melhorar a Saúde no nosso Município! Isso, sim, contribui. Ver. Comassetto, sugestões contribuem; promover CPI a oposição faz todos os dias, não é necessário reforço para isso.

Não quero ser deselegante, o senhor será sempre bem-vindo a esta Casa, a Bancada do PTB estará sempre atenta, ouvindo o senhor, mas traga sugestões, sugestões para melhorar a Saúde. O Sindicato pode contribuir muito, pode apresentar alternativas para resolver um problema que não é de um Partido, é de toda sociedade. E Governos após Governos vêm sofrendo para resolver esse problema, Ver. Comassetto. Esse é um problema de todos os Governos. O próprio Governo Lula, que é um Governo bem-sucedido, tem as suas dificuldades na área da Saúde, Ver. DJ Cassiá. Nós precisamos de um Sindicato que nos apresente alternativas, sugestões, um Sindicato que possa chegar aqui e dizer: “Olha, o Sindicato quer contribuir neste momento difícil que estamos vivendo com uma alternativa A, B ou C”, mas não vir aqui para dizer: “CPI, CPI, porque roubaram”. Eu já ouço isso da oposição aqui noite e dia. Para mim não resolve um sindicato vir aqui para dizer isso.

O que interessa para a Saúde do Município? Este Governo que está aí é um Governo que foi eleito pelo povo democraticamente, meu querido Ver. Valdir Fraga. O que nos resta é construirmos juntos. Isso é o que nos interessa. Senão, o Simers vai estar trabalhando com a política do “quanto pior, melhor”. Não pode ser assim! Nós queremos que o Simers, neste momento, dê a mão para este Governo e ajude a construir uma saída. Isso é como aquelas chamadas que são veiculadas nas emissoras da Capital: pau, e pau, e pau, e pau, e pau, e pau; um trabalho de oposição, oposição, oposição, enquanto que um sindicato, senhoras e senhores, também trabalha para a construção; um sindicato não precisa ser necessariamente oposição; sindicato pode ser também um parceiro para construção, para construção! Eu esperava que hoje os senhores pudessem nos apresentar uma alternativa para melhorarmos a Saúde na Cidade, e não vir divulgar aqui a CPI. Estou profundamente decepcionado. Obrigado, senhoras e senhores.

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela oposição.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente, colegas Vereadores e Vereadoras, prezado Jorge Eltz, às vezes eu tenho a impressão de que, nesses quatro anos aqui na Câmara, eu não vou ver tudo o que é possível entre os absurdos dos absurdos. Nós recebemos o Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul fazendo um importante debate sobre a Saúde Pública no Município de Porto Alegre, trazendo um dossiê que deve ter duzentas páginas, falando da situação do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, do Hospital de Pronto Socorro, do PACS, do IAPI, do Santa Marta, do Hospital Vila Nova. Se sobrar tempo, eu gostaria de me ater aos problemas gerais desses hospitais de que V. Sª muito bem falou, prezado Jorge Eltz, e que têm que receber um debate entre nós, Vereadores e Vereadoras desta Casa.

Mas muito me assusta quando Vereadores usam esta tribuna com toda a indignação para tentar agredir o Sindicato, que foi eleito pela categoria, que tem independência sindical, que luta pela categoria médica no Estado do Rio Grande do Sul e pelo atendimento dos postos de saúde, mas esses Vereadores não se indignam a perguntar onde estão os 9,5 de reais que foram desviados da Saúde Pública! Essa mesma raiva... É dinheiro dos contribuintes porto-alegrenses que está em algum lugar que nós não sabemos, temos o dever constitucional de buscar, de investigar e não estamos investigando, porque falta uma assinatura, Ver. Haroldo, uma assinatura para a CPI, que é um instrumento constitucional dos Legislativos, é obrigação nossa fazer! Será uma resposta aos porto-alegrenses. Não será a CPI do Partido A, B ou C; será uma CPI da Saúde, para que haja ressarcimento aos cofres públicos do Município de Porto Alegre do dinheiro que foi desviado.

Eu vejo raiva para agredir aqueles que exercem o seu direito de cidadania de vir aqui cobrar dos Vereadores, sim, o seu papel constitucional, mas não vejo essa raiva para questionar por que, dos dois Assessores Jurídicos da Secretaria Municipal de Saúde, um está preso - está preso! -, que é o Marcos Bernardes, que é investigado na relação com a empresa Reação e com a propina, e a outra é Assessora Jurídica da empresa Sollus, que desviou 9,5 milhões de reais. Eu não vejo essa raiva para perguntar por que o Sr. Marinon Porto... Ele foi Secretário Substituto da Secretaria Municipal de Saúde durante três anos, Ver. Todeschini, quando V. Exª era Presidente da COSMAM; ele veio a esta Casa falar em nome da Secretaria Municipal de Saúde. Ver. Aldacir Oliboni, atual Presidente da COSMAM, ele veio aqui inúmeras vezes falar em nome do Secretário Municipal de Saúde. (Mostra documento.) Agora, vocês sabem onde ele trabalha? No Instituto de Cardiologia! É mais uma terceirização da Saúde, uma relação que existe entre as Secretarias e os entes privados que é feita a partir da terceirização do serviço público da Saúde, uma forma de desvalorizar o concurso público, desvalorizar os municipários de Porto Alegre e também, via de regra, no nosso País, é uma porta aberta para a corrupção. É uma porta aberta para a corrupção!

Eu não vejo essa raiva para discutir os escândalos! O escândalo que foi trazer uma empresa sem sede, de Sorocaba, ela não tinha sede própria! Uma empresa lá de São Paulo para Porto Alegre e sem licitação. Eu não vejo essa raiva para discutir como a Prefeitura de Porto Alegre pagou 30 mil para essa empresa por um trabalho copiado da Internet. Eu não vejo essa raiva dos Vereadores para discutir como pode existir um termo aditivo, várias vezes, com a Reação, aumentando a cobertura, aumentando os recursos. Alguns membros da Diretoria dessa empresa têm uma ficha corrida na Polícia de dar inveja a muito bandido! Eu não vejo essa mesma raiva na hora de cobrar o que deveria ser o papel de cada um ou cada uma aqui, que é cobrar o Executivo, fiscalizar o Executivo e lutar para melhorar a vida e a saúde dos porto-alegrenses. Talvez porque esses mesmos nunca tenham passado 12 horas numa fila, talvez porque esses mesmos nunca tenham ido, às cinco da manhã, ver as condições que o povo enfrenta para ser atendido no Sistema Público de Saúde. Às vezes me dá vergonha de ouvir determinadas falas nesta tribuna. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. NILO SANTOS (Requerimento): Sr. Presidente, quero solicitar que a Presidência da Casa encaminhe ao Grupo Hospitalar Conceição um Pedido de Informações, para sabermos qual a previsão de retorno dos médicos que estão atendendo no Haiti, para tentar resolver o problema da superlotação no Grupo Hospitalar Conceição. Obrigado. Encaminharei por escrito.

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Esta Presidência agradece.

Eu pediria que os Vereadores não fizessem intervenções nesse sentido, porque nós temos muitos inscritos ainda.

 

O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO (Requerimento): Contribuindo com o nosso debate de quinta-feira, solicito que convidemos a ex-Deputada Jussara Cony para vir a esta Casa falar em nome do Grupo Hospitalar Conceição, podendo os Vereadores debater com ela também.

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Saúdo o Sr. Presidente, Ver. Bernardino Vendruscolo; saúdo o nosso convidado, o Dr. Jorge, aqui representando o Sindicato Médico, e a sua equipe, que está aqui no plenário acompanhando os debates neste momento. Fiz questão de trazer e mostrar aqui o relatório que o Simers entregou à Comissão de Saúde e Meio Ambiente no início desta semana, demonstrando, claramente, a preocupação do Sindicato. Dr. Jorge, a grande maioria dos membros da Comissão de Saúde e Meio Ambiente já se debruçou sobre o relatório e concorda com as colocações que V. Sas trazem a respeito da Saúde em Porto Alegre. No mundo da política, Ver. Proença, há aqueles a quem podemos dar crédito, em quem podemos acreditar, e há aqueles que colocamos em dúvida, questionamos se, de fato, merecem a confiança do povo. Se lermos aqui o relatório trazido pelo Sindicato Médico, vamos verificar que faltou coerência ao Governo Fogaça. Faltou muita coerência, porque aqui estão alguns compromissos assumidos para implementar o Plano de Classificação de Cargos que ora a categoria reivindica, e é de direito, Ver. Nilo, a sua implementação. Como vamos tirar aqui a função dos sindicatos? É um direito deles pleitear por melhor salário, é direito deles pleitear por melhores condições de trabalho, e, mais do que isso, por serem funcionários públicos, nós temos o dever de ouvi-los e de fazer a intermediação entre o Legislativo e o Executivo.

Percebemos que a principal reivindicação aqui trazida é no sentido de que, um dia, alcancem o piso nacional - o que, com certeza, acontecerá -, que é de sete mil reais para o médico que exerce serviços em Porto Alegre. A negociação da carga horária se fará com o Executivo, e nós vamos nos eximir desse debate? Claro que não! Nós não podemos nos eximir, porque, da mesma forma que defendemos que a categoria alcance o piso, queremos que, num certo prazo, os técnicos de enfermagem, os enfermeiros e os agentes comunitários possam ter o piso nacional ora não obedecido pelo Poder Executivo. Então, acreditar que, lá na ponta, nós teremos a resolubilidade do atendimento médico é colaborar para que os profissionais trabalhem com dignidade, o que não está acontecendo.

Vejam os senhores o que acontece quando não se tem dignidade: o cidadão, ao se dirigir a uma Unidade de Saúde, pode não ter acesso à consulta. Na grande maioria das Unidades, são cinco, oito, dez consultas, e o médico, normalmente, indica um especialista. Um fato trazido pelo Dr. Jorge, do Sindicato Médico, é que, na grande maioria das Unidades, não se tem mais especialistas e, em dois anos, pode não haver mais especialistas na rede pública. Não havendo concurso público com um salário qualificado, nós não teremos, logo ali adiante, profissionais interessados em participar de concurso público, o que é o caso dos médicos.

Então, é de extrema importância que esse tema trazido aqui hoje seja pautado na Comissão criada pelo Executivo e que não seja falácia, que não seja para ganhar um tempo, porque as eleições vêm aí, porque o cidadão tem o direito, o dever e o poder, através das urnas, de fazer a triagem daqueles que mentiram para a opinião pública, daqueles que disseram que não renunciariam e renunciaram, que assumiriam um compromisso público com esses trabalhadores e não assumiram. E aqui está o relatório trazido por esta entidade. Então esse tema é muito oportuno, ele é atual, e nós, Vereadores, temos que apoiar as entidades que ora estão preocupadas para que ali na frente não aconteça um caos, para que não entrem em greve. Podemos dar um apoio para a livre negociação, que num curto espaço de tempo isso possa ser resolvido. Portanto, somo-me a essas reivindicações, eu o saúdo e o parabenizo por ter a coragem de vir aqui falar. E mais do que isso...

 

(Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente, Ver. Bernardino Vendruscolo, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores; Simers, aqui presente hoje; Dr. Gatti, Luiz Afonso, Dr. Jorge Luiz Souza, o tema trazido ao debate é da mais alta relevância. Nós fizemos uma reunião esta semana na Comissão de Saúde e Meio Ambiente, e, mesmo com os bons esforços que faz o novo Governo em Porto Alegre, a situação de deterioração deixada pelo Governo que fugiu, pelo Governo que abandonou a Cidade, é trágica, porque haverá de ser feito muito esforço, com toda a boa vontade, para recuperar em algum grau o desmonte que a Saúde está sofrendo. Ver. Sebastião Melo, o SUS é uma grande realização, mas, se o gestor não dá conta adequadamente, ele vai para a UTI, e é o caso de Porto Alegre. A Saúde de Porto Alegre está na UTI. É preciso todo o esforço para recuperar, porque senão quem vai continuar sendo prejudicado é o usuário, é a população que necessita ser atendida, a população pobre desta Cidade. E, para que isso aconteça, é preciso repor o quadro funcional. Faltam muitos médicos, mas não são só médicos, faltam profissionais da Saúde, mais de seiscentos em relação a 2005. Mas é impossível fazer Saúde em qualquer instância sem os profissionais médicos, por isso é preciso tratar desse assunto com toda a dedicação, com toda a responsabilidade, para que se revertam as atuais tendências que o quadro indica, qual seja, de piora, conforme foi anunciado. Para que isso aconteça são necessárias atitudes, ações, e que elas tenham, no primeiro ponto, a responsabilidade dos atos do Poder Executivo.

Vejam só, nos últimos tempos, além dos 40 milhões que não foram cobrados - e deveriam ter sido cobrados, porque é prerrogativa legal da Governadora do Estado -, mais de 70 milhões de reais não foram usados por falta de projetos; dinheiro que adormece nas contas, porque os projetos não foram apresentados. Se somarmos, teremos 110 milhões, valor que poderia fazer uma bela diferença. Portanto, é uma questão, sim, de gestão. Aliás, é bom que se olhe para o documento do programa de Governo de 2004, que dizia que o problema de Porto Alegre não era falta de recursos, o problema era de gestão. Eu tenho esse documento, assinado pelos organizadores da campanha e apresentado pelo candidato vencedor, que ora abandona a Cidade. Se era um problema de gestão, por que a situação piorou, Ver. João Dib? A sua conta não fecha.

Outra coisa importante: a Lei de Responsabilidade Fiscal suspende qualquer repasse aos funcionários quando o limite prudencial atingir 52,7%. No entanto, nos últimos cinco anos, as perdas no funcionalismo são de tamanha ordem que hoje o comprometimento da Receita com a folha de pagamento é de 44%. Num Orçamento de 3 bilhões e 250 milhões, isso significa que o Governo tem uma margem de manobra de 250 milhões de reais para atender os funcionários e os profissionais médicos. E isso começa a apontar a solução. É preciso sensibilidade, é preciso que o Governo tenha isso em conta para que nós, de fato, num esforço comum - Executivo, Câmara, os profissionais e o Conselho Municipal de Saúde -, façamos a reversão desse quadro.

Por último, para concluir: o Prefeito Fogaça assinou todos os documentos, e ele foi ciente do que aconteceu no caso Sollus. Não tem como fugir. Os documentos estão todos em poder das autoridades da Justiça, e, no devido tempo, também, além da CPI, elas vão aparecer. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

(O Ver. Nelcir Tessaro assume a presidência dos trabalhos.)

    

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Prezado Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; colegas Vereadores e Vereadoras; Sr. Jorge, que representa a Direção do Sindicato Médico do RS; primeiro, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, gostaríamos de pedir desculpas à entidade do Sindicato Médico pela maneira com que muitos colegas Vereadores trataram este Sindicato, que vem a esta Casa discutir de peito aberto os problemas da Saúde de Porto Alegre. Uma Casa democrática não pode ter esta postura de receber os visitantes e analisar as suas posições. Eu posso descordar do senhor sempre, mas jamais tentarei calar-lhe por vir querer falar no Parlamento Municipal, na Casa do Povo. Se a Casa é do Povo, o povo tem que vir falar conforme as suas constituições, as suas regras, as suas elaborações e a sua estrutura.

Segundo, o tema da Saúde de Porto Alegre não se resume à categoria médica. A categoria médica é uma das categorias desse conjunto, e, diante das políticas, quando elas são bem construídas pelo Poder Público, os profissionais estão bem; quando elas são mal construídas pelo Poder Público, esses profissionais, como os demais, estão mal. E a categoria médica vem a esta Casa dizer: “A nossa categoria está numa situação ruim na cidade de Porto Alegre”. É isso que nós temos que analisar dentro desse contexto. Até porque esta Casa, sim, Dr. Jorge, discute anualmente um Orçamento do Município que é para ser investido na Saúde de Porto Alegre, a Casa cobra dos Gestores quando fazem campanha e quando propõem as leis. Nós temos que cobrar, sim. O ex-Prefeito Fogaça, que abandonou a Cidade, disse, na sua campanha - está escrito, eu gostaria que a TVCâmara mostrasse (Mostra panfleto.) -, que em 2008 deixaria Porto Alegre com duzentas equipes de PSF. Nós temos hoje menos de cem equipes, e a Prefeitura foi recebida, em 2004, com 86 equipes. Nós temos que debater isso, essa discussão temos que fazer aqui!

No Orçamento de 2009, nós aprovamos - está no site da Prefeitura - um conjunto de programas no total, “A Receita é Saúde”. Dos 120 milhões que são gastos anualmente, Ver. João Antonio Dib, grande parte desses recursos são repasses, em dia, do Governo Federal, contra o não repasse em dia do Governo do Estado para a Saúde de Porto Alegre. Isso, Ver. Luiz Braz, não é escamotear, não; é tratar da política pública conforme as regras constitucionais. O Programa apresentado aqui, o Atenção Básica à Saúde... Está aqui (Mostra o Programa.): no Programa Bem-me-Quer, gasto zero; no Programa Suporte Tecnológico da Gestão de Saúde, gasto zero; na ampliação do Programa de Prevenção ao Câncer de Mama, gasto zero; nas ações de Geriatria, gasto zero. Tudo em 2009! É isso que nós queremos discutir, é isso que estamos ouvindo da categoria médica quando vem a esta Casa. Ou nós vamos fechar os olhos para temas como esses? A população é unânime hoje: clama por melhorar a Saúde. Dizer o que está errado é buscar a correção, é superar, é “virar a página”, e nós ainda não viramos a página da má Saúde de Porto Alegre. Um grande abraço! Seja sempre bem-vindo, Sindicato Médico do Rio... (Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra em Comunicações, por transposição de tempo com a Verª Fernanda Melchionna.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Dr. Jorge, muitas vezes eu discordei de algumas pautas do Sindicato Médico. Temos polêmica sobre o ato médico, tínhamos polêmica sobre a certificação dos estudantes formados em Cuba. Mas quero aqui reconhecer, primeiro, a autonomia e a força de um Sindicato que compra as suas lutas a partir do debate com a sua categoria e luta cada vez pela qualidade da Saúde. Nos últimos anos, temos notado a diferença - eu, pelo menos, tenho notado -, a evolução do Sindicato Médico nesse sentido. Talvez mais claramente pelo spots no Rádio, pela inserção mais forte, por pautar o tema da Saúde na Cidade e no Estado. Quero dizer que temos muito orgulho de um Sindicato que trata a Saúde assim. Por quê? Porque as pessoas que de fato estão perdendo com a falta de gestão, com a irresponsabilidade na gestão, com a incompetência na gestão e com a falta de transparência na gestão dos recursos públicos, Ver. João Antonio Dib, são as que não têm voz.

Ontem eu saí, quase à meia-noite, de uma reunião no Condomínio Mariante. É um escândalo! Se for buscar uma ficha às 5 horas da manhã, talvez tenha chance de ser atendido, mas apenas uma pessoa da família. Continua a regra: é só uma pessoa da família que consegue ficha no dia, Ver. DJ Cassiá. E as pessoas têm que amanhecer na fila, faça chuva, faça sol, levar o seu chimarrão, o seu filho. Na madrugada, Ver. Haroldo de Souza! Nós estamos no séc. XXI, e é assim! É miserável a forma como as pessoas doentes são tratadas. Nessa mesma comunidade, há recurso, médico, há dentista e auxiliar, e a Prefeitura não encaminha a compra dos equipamentos para colocar atendimento a saúde bucal naquele espaço.

Ontem um jovem nosso amigo sofreu um acidente e foi parar no Pronto Socorro, ele voltou ao Posto de Saúde para fazer o curativo, e o posto saúde não faz! O posto de saúde não tem esse tipo de atendimento. É um posto aqui do Centro, não sei se é o Posto Santa Marta, ou se é o próximo do Hospital de Clínicas. Era um corte forte na cabeça, e ele não conseguiu atendimento.

Na questão da Aids e hepatite, esta semana tivemos uma reunião de planejamento de trabalho da Frente Parlamentar. Quando é detectada a hepatite, eles ficam esperando um especialista por seis, oito meses. Não adianta lutar só para fazer o teste, porque não há encaminhamento para contornar os problemas decorrentes da hepatite. Na questão da Aids, é a mesma coisa: quando consegue fazer o teste para verificar a presença, depois não consegue o atendimento, não consegue o remédio. Gente, nós estamos falando de uma coisa muito séria! E não é à toa, é para todos os candidatos que as pesquisas dizem que a população bota a Saúde como a primeira preocupação. A Saúde está em primeiro lugar, porque a pessoa fragilizada... Eu fiz exame hoje de manhã e ontem, eu tenho o meu convênio com o IPE e concluí que sou uma privilegiada por ter um convênio, porque imagina quem vai para as filas desses hospitais!

Então, dizer-me que não é sério ter um desvio de 9 milhões, e a gente não resolver, não investigar, não responsabilizar, não afastar os responsáveis, não assumir o nosso papel de Câmara de Vereadores em relação a esse tema... Nós temos que sacudir as gestões da Saúde! O Hospital Vila Nova é um dos únicos a atender na questão de Aids, na situação que está! Então, encerro dizendo que é preciso investigar. Parabéns ao Sindicato Médico pela luta.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Colegas, para que a Saúde Pública e seus profissionais seja valorizados, para que prestem bom atendimento para a população de Porto Alegre e haja a valorização dos profissionais, é necessário recurso. Por isso o debate hoje transcorreu sobre algo muito importante, que são os recursos do Programa de Saúde da Família, verba federal que foi desviada; foram 9,5 milhões de reais, que dariam 20 equipes novas para o Programa de Saúde da Família, quando hoje, em Porto Alegre, nós temos 101. Vinte equipes a mais poderiam atender bairros em que moram milhares de pessoas, bairros que não têm nenhuma equipe, como é o caso do bairro Rubem Berta, um dos bairros mais populosos da nossa Cidade, em que moram cerca de 80 mil pessoas, é um bairro que sofre com a incidência do crack, do narcotráfico, da violência e da baixa qualidade de perspectiva de atendimento em Saúde. Então, este debate é necessário. Já dei a minha opinião sobre a questão da CPI - na verdade, é a opinião do PSOL, e o Ver. Pedro Ruas é o autor do Requerimento. Desde janeiro, ou seja, antes do assassinato do Secretário Eliseu Santos, nós já estávamos pedindo a investigação e seguimos na luta. Temos um abaixo-assinado que já possui três mil assinaturas e que tem sido bastante procurado para ser assinado, ele diz que “se os Vereadores não assinam, eu assino, porque o povo de Porto Alegre quer que haja investigação e que haja ressarcimento ao Erário”.

E agora eu queria fazer um debate com a Prefeitura Fogaça - agora, Fortunati - sobre a questão das prioridades na execução do Orçamento. Dr. Jorge, do total de investimentos da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, apenas 2,5% dos 100% dos recursos são executados na Saúde. O senhor sabe que a Prefeitura gasta menos em Saúde do que gasta em publicidade? Que gasta menos na Saúde Pública da nossa população do que gasta para pagar os cargos de confiança, que totalizam 30 milhões de reais por ano em geral? O senhor sabe que há programas que pararam no meio do caminho? Digo isso, mas o senhor deve saber. O documento do Simers aponta as questões lá nos hospitais, nos postos de saúde, e nós estamos atentando para a questão do Orçamento.

O Hospital de Pronto Socorro funciona como um verdadeiro postão. Nós estivemos lá no meio da incidência da Gripe A (H1N1), e vocês sabem como era feito o isolamento dos doentes com doenças infectocontagiosas? Com cartazinhos dizendo: “Doenças infectocontagiosas”. Decerto esperando que as bactérias e os vírus fossem inteligentes, para que não houvesse aproximação do doente com uma doença infectocontagiosa com outros que estavam esperando atendimento. No setor das questões cerebrais, havia uma fila de espera desumana no corredor, Ver. Idenir Cecchim. Não podemos nos esquecer de que a Acinetobacter, aquela bactéria fruto da falta de investimentos e higienização, pegou em cheio o Hospital de Pronto Socorro em Porto Alegre. Aliás, catorze hospitais foram atingidos por essa bactéria, aumentando a incidência de mortes em doenças terminais, por conta da falta de investimentos em Saúde Pública.

O Hospital Vila Nova, que é um dos poucos hospitais que atende ao morador de rua, aos usuários de crack, tem uma dívida, e o Convênio foi suspenso. O repasse dos recursos da Prefeitura está suspenso. O hospital tem uma dívida de um milhão de reais e, infelizmente, está reduzindo as consultas para a população. O meu tempo está acabando, mas eu trouxe esse relatório sobre a questão do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, que está cancelando as cirurgias por falta de anestesistas. Eu quero dizer, responder aos Vereadores, que existe uma saída: priorizar a Saúde, priorizar os funcionários, fornecer um Plano de Classificação de Cargos, oferecer saúde ao trabalhador que vai cuidar da saúde da população, inibir a corrupção e investigar os corruptos para ressarcir o erário.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ADELI SELL: Meu caro Presidente Tessaro, digníssimo Dr. Jorge de Souza; ao cumprimentá-lo, queria que V. Sª alcançasse minhas saudações ao Dr. Argollo, à Rita, a todos que compõem a Direção do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, ao Simers, pelos importantes serviços prestados à nossa comunidade.

De fato, as questões da Saúde Pública são gravíssimas. Nós temos debilidades em todas as pontas da Cidade. Eu acho que nós todos deveríamos dar muita atenção para todo e qualquer relatório, toda e qualquer demanda, Ver. João Dib, para todos os telefonemas que recebemos, para os e-mails que recebemos aqui, porque a situação é grave demais. Não estamos tratando de uma disputa político-partidária, não estamos aqui discutindo as cores dos nossos times de futebol; estamos falando de Saúde Pública. Se fôssemos observar, por exemplo, coisa que não foi nem mencionada aqui, a saúde bucal, digam-me: quem consegue, hoje, efetivamente, uma consulta com dentista em um espaço mediano de tempo? Isso não existe. Eu, por exemplo, só em relação a uma comunidade, passei onze meses aqui lembrando que não havia dentista. O dentista apareceu, e sumiu a única enfermeira padrão do Posto. Há dias, fui a um posto na Lomba do Pinheiro - já repeti aqui -, não havia ginecologista, pediatra, dentista, e a situação do posto era uma calamidade. Esta semana uma pessoa ligou, da mesma Lomba do Pinheiro, de outro posto, se queixando de uma situação dramática. Agora vem o Dr. Jorge aqui e coloca um conjunto de elementos muito, muito, muito graves.

De nada adianta ficarmos aqui alterando os ânimos, não adianta; não adianta, Dr. Thiago, não vai resolver o problema da saúde em Porto Alegre. Vossa Excelência é servidor, é Vereador, sabe do que eu estou falando; sabe do que eu estou falando. Eu cheguei a levantar aqui - alguns Vereadores achavam que era consequente, Ver. Cecchim, que pudéssemos discutir algo que há no Magistério - o difícil acesso. Ou seja, para um deslocamento acima de tantos quilômetros do local onde a pessoa reside - tem que comprovar, evidentemente -, ela recebe um plus, um valor a mais, e nós sabemos que o médico não trabalha apenas 30 horas na Prefeitura, ele tem outros trabalhos, até porque nós pagamos pouco. Eu falo “nós” porque existe a municipalidade, essa é a realidade, nós pagamos mal! Evidentemente, aí acontece de tudo.

Eu não tenho nenhum problema; com toda a franqueza, eu diria ao Jorge e diria a todos os médicos da Prefeitura que, se depender de mim, sou fiscal do horário das 6h. Quando forem 6h, vou cobrar, assim como de qualquer servidor. O Cecchim foi Secretário e sabe que é importante o servidor estar na hora em que a gente marca, ainda mais se a gente marca uma coisa de importância, como a nossa fiscalização. Imagine na Saúde: chega o sujeito doente lá e não sabe se vai para o Pronto Socorro ou não, mas, se tiver um médico na hora e atender, efetivamente, temos solução; mas, se não tiver, essa situação leva a um estresse violento. No corpo clínico há médicos que não vão trabalhar. Fica nessa briga, e vai virar uma lambança entre a comunidade e os médicos, entre os médicos e a Prefeitura. E quem perde? Quem perde, efetivamente, sempre é o povo pobre da periferia. Porque aqui, desculpem-me os colegas, eu duvido que alguém vá para a fila do SUS, todo mundo tem plano de saúde. É ou não é? Então, a classe média - nós somos parte dela - gasta os tubos, mas tem plano de saúde. Agora, o povo não tem como pagar plano de saúde. Eu queria alertar para isso; em defesa da Saúde Pública de Porto Alegre, vamos acalmar os ânimos e resolver os problemas da Cidade. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Dr. Thiago Duarte está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. THIAGO DUARTE: Ilustre Presidente, com toda a serenidade que me é característica, eu quero fazer algumas observações. Enquanto eu estiver aqui, nenhum outro colega tem direito de repreender assessor meu! Ninguém está aqui de graça. Seis mil e cem pessoas depositaram seu voto em mim no dia 03 de outubro. O Raul e o Brasinha também são suplentes. Não é demérito para ninguém ser suplente. É um elogio! Eu não tenho medo de ninguém, até porque não tenho o rabo preso. Não tenho o rabo preso!

Voltando à questão da Saúde, eu quero dizer o seguinte: o problema da Saúde em Porto Alegre não está relacionado aos profissionais que trabalham, cotidianamente, na nossa Saúde! O problema da Saúde não são os médicos do Município de Porto Alegre. Só mudam as posições, é um pouquinho para cá, é um pouquinho para lá. Então, quando era o Partido dos Trabalhadores, nós tínhamos Vereadores que hoje estão aqui e diziam que os médicos não cumpriam a carga horária, inclusive disseram isso no início desta gestão! Agora, a gente ouve isso de alguns colegas. Eu só quero dar o meu exemplo, e que ele possa ficar bem patente: às segundas-feiras, eu trabalho na Unidade Sanitária do Lami; às quartas-feiras, no Hospital Presidente Vargas; às quintas-feiras, na Unidade Sanitária da Restinga Velha; às sextas-feiras, na Unidade Sanitária do Lami; duas noites por semana, 12 horas, no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas - essa é a minha carga horária. Essa história de dizer que médico não cumpre hora é uma conversa, é botar uma “cortina de fumaça” no real problema. Eu quero dizer que os médicos vão trabalhar, sim, Ver. Adeli Sell, e quero sublinhar isso. O início da solução do problema da Saúde de Porto Alegre são os profissionais da Saúde, são os médicos. E, enquanto não se entender isso, não vai se avançar.

Nesse 1min40s que me falta, eu gostaria de falar um pouco - do que já falou o Ver. Nilo Santos aqui outro dia - da demissão de seis médicos do GHC, eles acabaram de me procurar no Gabinete. São médicos com mais de dez anos de chefia, como, por exemplo, o Dr. Guimarães; são médicos que, em novembro último, foram premiados; são médicos que criaram a residência, como, por exemplo, o Dr. Magalhães; são médicos que fundaram o serviço e que, de uma hora para outra, não fazem mais parte do perfil do Hospital. Alguma coisa está errada. O Conselho Regional de Medicina, que regula a atividade, já mandou inclusive correspondência ao Diretor Técnico do GHC, que disse que não conhecia os médicos que acabou demitindo - em off, disse que não conhecia. Então, isso precisa ser investigado, e solicito ao Ver. Oliboni que possamos agendar, o quanto antes, uma reunião da Comissão de Saúde. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, meus senhores e minhas senhoras, Dr. Jorge Eltz - se me deixarem, eu gostaria de olhar para o Dr. Jorge neste momento -, eu quero pedir desculpas a Vossa Senhoria. O senhor, meu amigo Jorge Eltz, que tem o mesmo nome do meu filho médico, foi usado hoje pela Câmara Municipal de Porto Alegre e, com tranquilidade, trouxe aqui as dificuldades enfrentadas no atendimento médico pelos porto-alegrenses.

E aí eu diria que o Ver. Dr. Raul, que o Ver. Dr. Thiago estão cansados de elencar essas necessidades, como também estão cansados de falar, especialmente o Dr. Thiago, que chegou no meu gabinete com outros médicos para buscar a equação para um plano de carreira especial para os médicos... Eu disse das dificuldades de fazer um plano de carreira quando há um Estatuto, quando há uma Lei Orgânica do Município que diz como deve ser feito. Então, não é uma coisa fácil. De qualquer forma, V. Sª sai frustrado, não vai levar solução para nenhum dos dois casos. Mas teve a oportunidade de ouvir falar de uma série de coisas. Uma CPI? Como se CPI resolvesse problemas. Sabemos que CPI não resolve nada. Agora, é constitucional, é legal, é regimental, é orgânica, é um instrumento da minoria? É! Mas ela só acontece quando a maioria quer; quando não há aquele mínimo necessário, não há CPI. Então, de repente, nós temos de chegar à conclusão de que devemos tratar do problema da falta de atendimento na Saúde.

Reclamam do Prefeito José Fogaça, e não há do que reclamar, não há nada de diferente. E até, se diferença há, é que o Prefeito José Fogaça gastou na Saúde até 22%, quando a determinação é de 15%. Eu não posso dizer que o Prefeito João Verle também não gastou 18% ou 19% na Saúde, mas posso dizer, porque sou mais velho, porque tenho mais tempo, que o PT, que hoje reclama com tanta veemência, quis modificar e modificou a Lei Orgânica do Município, a qual dizia que 13% do Orçamento global da Prefeitura deveria ser usado na Saúde. E o Orçamento global é aquele de que o Dr. Todeschini falou: são 3 bilhões e 200 milhões ou um pouco mais. Mas eles só queriam que fosse na Centralizada; nas Autarquias, não. Depois, mudaram, sentiram as necessidades. E os mesmos que hoje reclamam da Saúde esquecem de dizer que o Prefeito José Fogaça chegou na Prefeitura de Porto Alegre, e o seu Secretário da Saúde, seu colega Dr. Pedro Gus, resolveu o problema de mais de quatro mil cirurgias. Então, não é de hoje que o SUS não atende bem.

Agora, que o SUS foi mal atendido num determinado momento pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre foi. O Ver. Eliseu Santos, o Ver. Jair Soares e este Vereador receberam uma denúncia, quando se iniciavam os trabalhos do SUS, quando o SUS passou a atender os necessitados, de que os hospitais não recebiam dinheiro. E aí o Ver. Jair Soares, porque tinha mais recursos, telefonou para Brasília e ficou sabendo que centenas, milhares e milhões de cruzeiros naquele tempo estavam depositados nos bancos de Porto Alegre em CDBs pelo PT. Aí, depois que o Ver. Jair Soares e o Ver. Eliseu Santos falaram, no outro dia eles pagaram o SUS. Então não venham fazer críticas.

Por isso peço desculpas a V. Sª, por não ser atendido naquilo que pleiteia. Eu lhe dou razão: tem que discutir os problemas, e V. Sª tem feito isso. Os dois médicos que temos na Casa não cansam de fazer isso! Mas, assim como eles estão frustrados, V. Sª também estará. Saúde e PAZ!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Dr. Raul está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. RAUL: Ver. João Carlos Nedel, na presidência dos trabalhos; saúdo o nosso visitante, parceiro de lutas e amigo, Dr. Jorge, do Simers; também o Dr. Paulo de Argollo Mendes, que está há mais de dez anos à frente do nosso Sindicato Médico do Estado. No nosso trabalho aqui na Câmara Municipal, temos procurado trazer o que é o dia a dia do médico que trabalha em Porto Alegre, com todas as suas dificuldades, com tanta falta de salário, vamos dizer assim, com as tantas dificuldades que ele encontra no seu local de trabalho. Estamos aqui nos unindo, e eu acredito que a Câmara seja unânime no sentido de que há necessidade real e imediata de um reajusto digno para os profissionais médicos municipários e municipalizados.

Estamos falando porque tanto os municipários como os municipalizados falam exatamente a mesma linguagem, fazem exatamente a mesma coisa nos locais de trabalho na cidade de Porto Alegre. Já temos a garantia do Prefeito Municipal, José Alberto Fortunati, de que teremos um abono emergencial a vigorar a partir do dia 1º deste mês. Independente do seu valor, isso é muito importante. Já temos também a garantia de uma negociação de plano de carreira específico para a categoria médica. Eu acredito que já sejam pequenos avanços que nós temos, como Vereador, como médico, na luta para que isso se materialize na Cidade. Sabemos que a prioridade à saúde não está presente no Brasil; não está presente em nível federal e não se reflete nem em nível estadual, nem em nível municipal. Eu sou médico do Estado há mais de 25 anos e só vi piora na parte de atenção à classe médica, de atenção à remuneração médica.

No próprio Sistema, nós temos uma Saúde que ainda não é informatizada. Estamos avançando nessa área, mas precisamos imediatamente fazer com que todo o Sistema da Saúde seja informatizado. Temos um absenteísmo de 40% nas consultas especializadas. Isso é um absurdo! É força de trabalho que está sendo jogada pelo ralo! O que temos que fazer? Temos que informatizar, e isso está num estágio avançado; o Sisreg está sendo instalado, e isso vai facilitar o trabalho. Precisamos de um plano de carreira que diga realmente o que é que a Prefeitura pretende para os próximos anos com os profissionais da Saúde. E temos uma Comissão, designada pelo Sindicato Médico, para trabalhar esse assunto, ela vai ser composta também por dois Vereadores desta Casa - Ver. Oliboni e Ver. Dr. Thiago Duarte, que é médico municipário, nós estaremos acompanhando - e pelas várias Secretarias de Governo afins a esse processo. Isso já está sistematizado e deve ser publicado brevemente no Diário Oficial.

Então, cabe a nós, como Vereadores, fiscalizar, estar presente, não deixar que esse assunto se prolongue, temos que valorizar o trabalho médico, porque assim estaremos valorizando não apenas o trabalho de uma categoria. Eu diria para vocês que na área da Saúde - e bato no peito - realmente é a categoria mais importante, não desfazendo das outras. Já trabalhei e atendi em muitos lugares sozinho, ou com uma pessoa, no máximo, me ajudando, com péssimas condições. Então, na realidade, faz-se Saúde com pouca gente, mas sem médico não se faz Saúde. O médico tem que ser valorizado. São quase mil médicos municipários e praticamente quatrocentos municipalizados, eles merecem e estão tendo agora, depois de muito tempo, respeito dos órgãos públicos, para que se possa, dentro de uma negociação, com dignidade, valorizar o profissional, e valorizar não apenas a classe médica, mas todos aqueles que tanto precisam do nosso Sistema de Saúde Pública, que é a nossa população de Porto Alegre. Obrigado e saúde para todos.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Idenir Cecchim está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. IDENIR CECCHIM: Sr. Presidente, Ver. Nedel; Dr. Jorge, saudações; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu não estou vendo aqui o Ver Comassetto, mas ele deve estar nos ouvindo. Quero dizer ao Ver. Comassetto que, em meu nome, ele não vai pedir desculpas a ninguém. O Ver. Comassetto deveria pedir desculpas em seu nome pelas bobagens que ele diz a todo momento. O Ver. Comassetto deveria pedir desculpas por falar em fuga do Prefeito Fogaça, esquecendo que o Tarso Genro também saiu da Prefeitura. Eu não digo que o Tarso fugiu, ele fugou da Prefeitura; pior, ele desapeou aquele que era para ser o candidato natural. Isso é diferente. O Tarso largou a Prefeitura com um ano e três meses de exercício; e o Fogaça, com cinco anos e meio, com projetos encaminhados, com o Prefeito que assumiu se comprometendo com o programa do Governo.

E o Ver. Comassetto vem aqui tentar pedir desculpas pelos outros! Ora, Vereador, o senhor tem que pedir desculpas por muitas coisas. Deve falar em Saúde Pública, Ver. Comassetto, que está nos ouvindo em seu gabinete, e pedir desculpas pelo que está acontecendo no Amapá, por exemplo, onde trinta em cada mil nascidos, nos primeiros dias, morrem. Temos que fazer esta reflexão: em todo o Brasil, aqui em Porto Alegre, em Canoas, no Amapá, no Rio de Janeiro, em todos os lugares, Ver. Brasinha, há problema de Saúde. No Hospital Conceição há muitos problemas também, mas é um grande hospital, presta grandes serviços; aliás, o serviço do Presidente do Sindicato faz falta no Hospital Conceição. E eu não vou me meter no Sindicato; parece-me que o pessoal do Sindicato disse que nós não trabalhamos aqui. Eu acho que o Sindicato trabalha. Eu não vou me meter no Sindicato.

O Ver. Comassetto precisa refletir muito mais quando começa a falar em Saúde Pública, deve analisar como um todo e dizer quantas pessoas há no hospital federal daqui e em todos os do Brasil - nos hospitais que o Governo Federal dirige, nos hospitais que o Governo Federal administra -, deve dizer quantos Cargos de Confiança, quantas diretorias, quantas pessoas há ganhando salários fantásticos. E eu acho que dá mais do que nove milhões, Verª Fernanda. Tem que explicar isso também. Isso o Ver. Comassetto tem que fazer, porque é o que mais se salienta aqui. O Vereador Engenheiro e Agrônomo Comassetto tem que explicar mais outras coisas aqui, e não pedir desculpas pelos outros.

Então, prezados colegas, acho que a Câmara de Vereadores faz sempre a sua parte, Dr. Jorge. Podemos demorar um pouco mais, mas esta é uma Casa democrática. Aqui nós aceitamos até as críticas, mas devolvemos às vezes. Nós aceitamos os argumentos e louvamos as coerências, como aquela que o Ver. Adeli Sell manifestou aqui. Mas queremos cobrar. Eu acho que está na hora, de uma vez por todas, de parar de fazer de conta que paga, e quem trabalha deve parar de fazer de conta que está trabalhando. Está na hora de fazer uma grande reflexão, porque ninguém mais pode morrer nos hospitais, nos corredores, nas filas! E pior: agora as filas foram para dentro do computador; ninguém nota as grandes filas, mas elas existem dentro do computador - filas de um ano, dois anos, três anos. E houve fila de 16 anos para se resolver um problema e não se resolveu, isso não só em relação à Saúde, mas em todos os setores da Cidade.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente. O Ver. Alceu Brasinha está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ALCEU BRASINHA: Sr. Presidente, Ver. João Carlos Nedel; Dr. Jorge, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, é com muita atenção que eu venho a esta tribuna, Ver. Idenir Cecchim, para também relembrar o passado, porque as coisas acontecem, mas eu acho que alguns esquecem.

Ver. Haroldo de Souza, eu estou aqui, também, há cinco anos e três meses, mais ou menos. Realmente, quando o Prefeito Fogaça assumiu a Prefeitura, a Saúde estava literalmente sucateada. Mais era impossível, Verª Sofia... A senhora fazia parte do Governo, Vereadora; a senhora fazia parte e podia cobrar todo tempo; a senhora foi Secretária, foi tudo.

Eu acho muito engraçado, Ver. Idenir Cecchim, porque a oposição define, no dia, quem é que eles vão atacar, quem é que o Comassetto vai mirar com a sua metralhadora. É assim! Eu lembro quando o Ver. Beto Moesch estava lá na SMAM. Também, o Comassetto batia, batia no Ver. Beto Moesch; chamou-o até de “Beto motosserra”. É verdade! Não estou mentindo! Até disso chamou! E aí o Ver. Beto Moesch veio para a Câmara, e eu nunca mais vi o Ver. Comassetto bater no Ver. Beto Moesch.

E a Verª Sofia, antes de o Ver. Idenir Cecchim chegar aqui... O senhor era batido, amassado, massacrado, por causa lá dos camelôs. Também não ouvi mais a Verª Sofia falar. Acalmou-se! Está calma. Por isso eu digo assim, Ver. João Bosco Vaz: a gente tem que falar é na cara da pessoa, aqui, olhando para a pessoa, olhando nos olhos, dizer a verdade, ter a coragem de dizer a verdade. E vocês ainda têm a coragem de falar - com o péssimo Governo que fizeram nos 16 anos, em que literalmente quebraram Porto Alegre, a Cidade toda - do Prefeito Fogaça na Saúde. A Saúde nunca funcionou tão bem como vem funcionado agora. É verdade, Verª Sofia, vocês entregaram tudo sucateado, a senhora lembra, a senhora mesma trabalhou, fez campanha, fez tudo e tem a cara de pau de vir defender o seu Governo, que foi de péssima qualidade.

 

A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só para não deixar passar, Ver. Brasinha, eu não estou calma em relação ao Camelódromo. É que o Prefeito Fortunati designou o Secretário Cézar Busatto para fazer uma intermediação, e nós estamos apostando que ele reverta a situação de exclusão que vivem muitos camelôs dali de dentro. Há muitas bancas fechadas, é gente pobre, que eu sei que V. Exª defende. Eu gostaria da sua força; o Ver. Elias Vidal, o Ver. Toni Proença, a Verª Fernanda e muitos outros estão ajudando. Muitos camelôs estão saindo do Camelódromo para lugar nenhum, não tendo como sobreviver.

 

O SR. ALCEU BRASINHA: Obrigado, Verª Sofia Cavedon. Mas, Ver. Idenir Cecchim, claro que a Saúde não tem qualidade de primeira, nem a pessoa que tem um plano de saúde é atendida de imediato! Imaginem os senhores os médicos o que têm passado! Só que eles têm que se lembrar de lá atrás. Quem é que criou o problema? Que eu saiba, o Prefeito Fogaça não era Prefeito naquela época.

Gostaria que o Ver. Comassetto estivesse aqui, porque ele bate com toda a vontade, bate, bate, quando deveria repensar e falar para o seu povo, lá onde ele prometeu há cinco anos, quando eles diziam que seria asfaltado, mas até hoje isso não aconteceu... Então, Ver. Comassetto, o senhor tem que pedir desculpas para os seus eleitores lá na sua localidade.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Passo a palavra ao Dr. Jorge Luiz Eltz de Souza para as suas considerações finais.

 

O SR. JORGE LUIZ ELTZ DE SOUZA: Em primeiro lugar, eu gostaria de agradecer, novamente, a oportunidade que foi dada pela Câmara de Vereadores ao Sindicato, para virmos aqui falar sobre a situação da Saúde em Porto Alegre. Gostaria de fazer alguns esclarecimentos que entendo importantes.

O Sindicato Médico defende os médicos e a Saúde, ele não tem compromisso com Partido nenhum, tanto é que, em gestões anteriores, o Sindicato Médico também fez críticas. As críticas que o Sindicato Médico faz são às situações com que não concorda; acha que deve haver mudanças e propõe soluções. Eu, pessoalmente, não tenho filiação partidária. Quando falei, ouvi que eu deveria ser filiado a algum Partido, mas não tenho nenhuma filiação partidária.

Queria dizer que o Dr. Argollo só não está no Hospital Conceição, porque ele é aposentado, ele tem direito a se aposentar. Todos os demais membros da Diretoria do Sindicato trabalham; eu trabalho, sou municipário, todos os outros trabalham. Esclarecido isso, vamos adiante.

O que eu trouxe aqui, na realidade, é a gravidade da Saúde em Porto Alegre: o sucateamento dos hospitais, a falta de profissionais, enfim, a desassistência da população, algo grave. Quem é que está sofrendo com isso? Quem mais sofre com isso é a população e, depois, os profissionais da Saúde, que têm que conviver com uma população sofrida, doente e que não tem solução para os seus problemas! Porque a Rede de Saúde, o Sistema de Saúde não propicia solução para os problemas da população. Quando um médico vê, na sua frente, um paciente que piora dia a dia e não pode fazer nada quanto a isso, eu garanto que o médico sofre também. Então, o que o Sindicato faz é a defesa da saúde da população, a defesa dos médicos e dos profissionais da Saúde; é esse o nosso papel, o nosso papel de direito, e isso nós sempre vamos fazer.

E apontamos solução, sim, não trazemos só problemas. Só que, na minha fala de vinte minutos, não tive tempo de apresentar nenhuma solução. Mas isso nós temos feito de várias formas, em vários fóruns, em várias discussões, em vários debates, para a Prefeitura, enfim. Agora, é preciso lembrar que a gestão da Saúde é do Município. Em primeiro lugar, quem tem que resolver os problemas da Saúde é a gestão municipal, e isso tem que ser feito de maneira adequada. Se faltam exames laboratoriais há dez anos, a Prefeitura tem que saber por que faltam exames laboratoriais há dez anos e achar uma maneira de resolver. Se não há leitos hospitalares há dez anos, como é que nós vamos resolver isso? O que não dá é para continuar assim e não fazer nada. A gestão tem que tomar alguma iniciativa, e não é por falta de propostas.

Quando fechou o Hospital Independência, o Sindicato Médico propôs que ele fosse assumido pelo Hospital de Clínicas, que tinha se proposto a assumir o Hospital Independência. A dívida da Ulbra é com a União, então, não era um problema difícil de resolver. A dívida da Ulbra é com a União, o Hospital de Clínicas é da União, então, tens como resolver essa questão e haverá atendimento à população. Mas, na medida em que não se resolve isso, nós temos uma fábrica de sequelados em Porto Alegre, porque uma doença leve na área da traumatologia e da ortopedia vira uma sequela irreversível. E essa pessoa, coitada, não tem para quem reclamar, só vai chorar, porque ela não tem o que fazer. Então, eu estou querendo mostrar que a grande prejudicada em toda essa situação é a população. E, apesar de virem aqui dizer que o Sindicato não tem proposta, a cada momento e a cada situação, o Sindicato tem levando propostas sim, senhor!

É óbvio que a solução para os problemas de Saúde envolve uma questão complexa, não estou querendo minimizar e dizer que é tudo fácil de resolver. Agora, temos que começar a enfrentar os problemas. E o primeiro problema que tem que ser enfrentado é a questão da falta de médicos para o atendimento da população, porque não é possível fazer atendimento sem médicos. Como é que vamos atender à população se não temos médicos? Não é possível! Isso tem que ser resolvido. E o Sindicato vem discutindo há cinco anos com a Prefeitura sobre a necessidade de um plano de carreira para os médicos, que valorize os médicos e que dê uma perspectiva de progressão funcional na carreira dos médicos.

Agora, recentemente, depois de um mês de os médicos estarem em estado de greve, conseguiu-se com a Prefeitura que se fizesse um grupo de trabalho com cinco membros da Prefeitura, cinco membros do Sindicato e dois Vereadores, com a promessa da Prefeitura de fazer esse plano de carreira para ser instalado a partir do exercício de 2011. Esperamos que não seja mais uma enrolação, que seja uma solução; contamos com a Câmara para nos ajudar a pressionar a Prefeitura para resolver isso. Vão dizer: “Não, mas um plano de carreira dos médicos não resolve o problema da saúde da população”. Eu concordo, mas é o primeiro passo, porque sem profissional de saúde médico não tem como resolver nada. É uma primeira atitude que tem que ser tomada.

Bom, então, para não me estender mais aqui, eu queria entregar para o nobre Vereador que está presidindo os trabalhos um dossiê da Saúde Pública de Porto Alegre que saiu na mídia impressa de Porto Alegre de 2005 a 2010, em que todas essas questões que eu levantei aqui de desassistência da população estão registradas, com data, horário e com o órgão de imprensa que fez. Também gostaria de entregar um outro dossiê com as ações e intervenções que o Sindicato fez junto à Prefeitura, aos órgãos públicos, ao Ministério Público, enfim, sobre todas essas situações aqui denunciadas - e, a cada momento, nós exigimos cobrança dos responsáveis para as questões que não foram solucionadas -, bem como a questão da campanha que os médicos municipais estão fazendo pelo plano de carreira.

 

(Procede-se à entrega dos dossiês.)

 

O SR. JORGE LUIZ ELTZ DE SOUZA: Para encerrar, eu gostaria de agradecer a oportunidade da minha participação aqui e dizer que todo esse elenco de questões que coloquei é no sentido de mostrar a gravidade da Saúde da população. Com relação a essa questão da Sollus, o que eu quis demonstrar é que a Prefeitura está indo para uma política de privatização da Saúde, e isso pode levar a desvios de recursos da Saúde, além do lucro que as entidades privadas têm com a Saúde. É isso que eu estou querendo mostrar quando falo da questão do Sollus. Eu não estou aqui entrando na discussão da Câmara Municipal de Vereadores sobre CPI. Eu já disse antes que não tenho filiação partidária, eu sou um sindicalista que defende a Saúde e os médicos e quero que se resolvam da melhor maneira possível essas questões.

Não sei se vocês sabem que há médicos que estão adoecendo nos postos de Saúde, porque não conseguem resolver os problemas de saúde de seus pacientes; porque não há exames de média e alta complexidade; porque não conseguem especialistas... E aquele colega que está ali no posto de saúde vê, diariamente, aquele paciente morrendo na frente dele, sabendo que há solução, mas ele não pode fazer nada.

Isto é a gravidade da Saúde da população em Porto Alegre. Por isso queremos trazer à Câmara o debate, para ela nos ajudar a enfrentar essa situação. Nós já discutimos muito com a Prefeitura. A Prefeitura é muito amável: recebe-nos, ouve-nos, mas, de prático e de objetivo, muito pouco avança. Então, este debate da Saúde tem que ser enfrentado com a seriedade que merece. É uma situação grave. Mais uma vez digo que a grande prejudicada é a população pobre, sofrida e, por segmento, os profissionais de Saúde. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Obrigado, Dr. Jorge Luiz Eltz de Souza, pelas suas considerações finais. Agradecemos a sua presença.

Está encerrado o período de Comunicações.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ (Requerimento): Sr. Presidente, solicito verificação de quórum.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Solicito abertura do painel eletrônico para verificação de quórum, solicitada pelo Ver. João Bosco Vaz. (Pausa.) (Após o fechamento do painel eletrônico.) Há doze Vereadores presentes. Há quórum.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Ver. Dr. Thiago Duarte está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. DR. THIAGO DUARTE: Ilustre Presidente, Ver. Nedel, quero fazer um relato da experiência que tivemos ontem com a visita dos Vereadores de Recife a Porto Alegre, trazendo a problemática da drogadição no seu Município, de como estão as coisas em Recife, fazendo uma grande reflexão sobre como as coisas não devem ser feitas e como as coisas podem ser feitas em uma situação melhor.

Quando se fala em drogadição, é importante que se pense num sistema hierarquizado, ou seja, que tenhamos a Atenção Básica forte, com as Equipes de Saúde da Família, e as Unidades Básicas de Saúde, mais um programa que efetivamente abarque e integre essas duas situações. Eu falo disto em especial, com muito carinho, porque é uma experiência que considero muito positiva, que é a terapia comunitária. É aquela na qual a comunidade é treinada, a comunidade é capacitada e consegue, a partir daí, dar um grande amparo às populações, evitando a drogadição, fazendo uma prevenção à drogadição - a drogadição que observamos nas ruas. E nós temos um contato mais próximo com essa realidade principalmente no Hospital Presidente Vargas, quando a rotina da Ginecologia e Obstetrícia e, muitas vezes, a rotina da Pediatria são modificadas em função disso, já que, às vezes, as mães estão sob o efeito da droga, estão “espiadas”, como se chama, estão surtadas e acabam indo lá para parir seus filhos - esses filhos que, de forma impressionante, já nascem viciados. Nessas situações, a rotina da Pediatria tem se modificado, temos deixado em observação esses recém-nascidos.

Então, precisamos de uma Atenção Básica forte, para dar o alicerce e o arcabouço de toda essa situação; com uma clínica especializada, moderna e que possa, sim, realmente, dar suporte, atenção básica e fazer o encaminhamento à atenção terciária. Isso se faz basicamente com as unidades secundárias de atendimento, aonde vamos encontrar o especialista, aonde vamos encontrar o psiquiatra e especialmente no Caps, uma equipe multidisciplinar - nós falamos sempre em equipe multidisciplinar, porque a experiência de todos os profissionais na sua área de atuação é importante nessa situação secundária.

A situação terciária é a internação. E, no caso do crack, é fundamental. É importante que, por sete a dez dias, consigamos manter esse paciente afastado do uso de droga, para que ele possa sofrer um processo lento e gradual de desintoxicação. Alguns psiquiatras preconizam de sete a dez dias, outros colocam um tempo maior de quinze a vinte dias, mas, seguramente, um período de internação é muito importante. Depois, numa fase quaternária, temos a ressocialização desses pacientes. É importante que não se trave todo esse esforço sem se dar um amparo em relação à ressocialização, ou seja, não podemos colocar, de novo, esse paciente diretamente em contato com o risco, em contato com o traficante, senão acabamos perdendo toda essa iniciativa, todo esse trabalho. É importante que toda essa rede trabalhe de forma organizada, de forma descentralizada, priorizando, efetivamente, as regiões da Cidade que mais precisam, que se encontram nas periferias, como é a questão das grandes vilas. Lá onde a gente trabalha ativamente, na Restinga, há uma necessidade e um foco bastante especial nesse sentido.

Então, a experiência que já foi observada, que nos foi dita, que já existe em Belo Horizonte, por exemplo, é uma experiência que deve ser estudada e, sem dúvida nenhuma, deve ser ampliada - claro que se guardando sempre as especificidades regionais de cada Cidade, de cada Estado. Essa experiência foi muito gratificante, acho que a partir de agora ela vai render muitos frutos, principalmente na integração, na troca de experiências. Isso, dentro do ponto de vista médico, já é uma realidade: a gente que milita na medicina há muito tempo observa que as experiências positivas de cada local devem ser renovadas, devem ser efetivamente ampliadas, e isso também deve acontecer no setor político, para o benefício do bem comum.

Trago aqui algumas considerações que julgo serem muito importantes e que expressam a nossa preocupação com os destinos do hospital, referem-se, principalmente, à residência médica. Temos observado, ao longo do tempo, principalmente na parte de Pediatria, uma saída dos profissionais da residência médica. Para nossa maior preocupação, este ano, nós, por exemplo, no Presidente Vargas, não tivemos nenhum residente em Pediatria. Na Ginecologia e Obstetrícia, que sempre foi, naquele hospital, uma das residências mais buscadas, neste ano sobraram vagas. Então, é importante fazermos uma profunda reflexão no que se refere à formação dos nossos profissionais, principalmente quando essa formação se dá em hospitais municipais. Por que está ocorrendo isso? Será que a falta de profissionais em algumas especialidades é o que torna, efetivamente, a formação médica mais débil? A resposta, provavelmente, é “sim”. A falta de anestesistas naquele hospital é uma grande preocupação. Eu tive a oportunidade e a honra de passar para a Equipe de Planejamento Familiar do Centro Integrado de Planejamento Familiar, Centro criado pelo colega Dr. Raul lá no hospital. Então, uma parte do meu tempo eu dedico ao Centro de Planejamento Familiar, e nós temos encontrado muitas dificuldades. Com relação às laqueaduras, por exemplo, e às vasectomias, mas falo em especial das laqueaduras, que é a minha atividade: elas têm sido marcadas e reiteradamente desmarcadas pela falta de profissionais, pela falta de anestesistas.

É muito importante fazermos uma profunda reflexão e atuar no cerne do problema. Como foi discutido e dito aqui, muito do problema da Saúde de Porto Alegre se deve à baixa remuneração dos profissionais. Não é uma coisa deste Governo. Certamente não é! É uma coisa que vem ocorrendo há tempo. A outra paralisação, de 2003, já foi em função disso e, muito pior, em função da falta de diálogo do Secretário da época com a categoria médica, ele não entendendo a real função e a importância desses profissionais na Saúde do Município.

Outra coisa que, sem dúvida nenhuma, contribui sobremaneira para aumentar as dificuldades na Saúde está relacionada às especialidades médicas, ou seja, à parte secundária do atendimento. Nós temos excelentes serviços de referência terciária, temos uma boa Rede de Atenção Básica, mas na parte secundária há o represamento das cirurgias de média complexidade, resolvidas em grande parte na gestão do Dr. Pedro Gus. Como muito bem falou aqui o Ver. João Antônio Dib, temos que louvar o heroico trabalho do Dr. Pedro Gus nesse sentido. A grande dificuldade na rede secundária de atendimento dá-se pela falta de contrapartida das instituições hospitalares ao Município de Porto Alegre: a Santa Casa, o Hospital de Clínicas e agora o Grupo Hospitalar Conceição.

Muito nos preocupa quando médicos exonerados do Grupo Hospitalar Conceição vão ao nosso Gabinete; pessoas que labutaram por 25 anos, como é o caso do Dr. Guimarães, que ganhou uma medalha em novembro do ano passado, e agora ele não serve mais. Agora não serve mais! Agora ele não tem o perfil do hospital. O que vamos fazer com isso? Qual é o perfil do Grupo Hospitalar Conceição? Aí, o seu Diretor Técnico, que vai ter que responder ao Conselho Regional de Medicina sobre isso, disse que nem sabia quem era o Dr. Guimarães. Ele foi Chefe do serviço de Oncologia por dez anos, iniciou o serviço de Oncologia do Grupo Hospitalar Conceição. Então, o homem “cai de paraquedas” aqui como Diretor Técnico do Grupo Hospitalar Conceição, o Dr. Alexandre - tomara que esteja nos ouvindo -, que não é profissional de carreira do Grupo Hospitalar Conceição, e diz que um profissional que trabalha lá há 25 anos não serve mais!

Então, é importante que façamos essas reflexões. “Ah, Dr. Thiago, mas são somente seis médicos.” “Primeiro eles vieram e pegaram os judeus, e eu não me importei porque eu não era judeu; depois, vieram e pegaram os negros, e eu não me importei porque eu não era negro; aí, depois, vieram para me pegar. Aí, não tinha mais ninguém para me ajudar.” Então, é importante que, no primeiro ato, nesse sentido, ele seja enfatizado, ele seja dito com toda a veemência, porque esse tipo de situação não pode ocorrer. O Sistema de Saúde tem que ser uma política de Estado, ele não pode ser uma política de Governo. Porque o Dr. Guimarães não coaduna com os “interésses” dos grupos que hoje dirigem o Hospital - só por isso - ele tem que ser demitido, um profissional que há 25 anos labuta lá? Há outros colegas que trabalham lá e que estão na mesma situação; no total, são seis profissionais.

Então, reitero aqui a necessidade que temos de fiscalizar todas as situações de Saúde no Município de Porto Alegre. Que comecem pela Prefeitura - eu sou do PDT, do Partido do Prefeito -, mas vamos fiscalizar todos, vamos fiscalizar o Hospital de Clínicas, vamos saber por que as cirurgias estão sendo suspensas no Hospital de Clínicas. Por que os anestesistas lá também não querem mais trabalhar? Nós queremos saber. Vamos querer saber por que agora há um profissional de nível médio na entrada do bloco do Hospital de Clínicas anotando quais são os médicos que entram e que saem. Por que esse sistema fiscalizatório? Já não chega o dedo-ponto do Hospital de Clínicas? Já não chega o controle eletrônico do Hospital de Clínicas? Por que tem que haver alguém lá anotando ou ouvindo o que os profissionais falam ou não falam da Direção?

Nós vamos pautar esses assuntos na COSMAM, e tenho certeza de que, com a clareza, com a transparência com que tem se portado o Ver. Oliboni, ele não vai se furtar a discutir todas essas situações, passando a limpo a Saúde da Cidade. Nós não temos nenhum “rabo preso”, como eu falei. Não tenho nenhum “rabo preso” e não tolero... O que eu não faço para os outros não quero que façam para mim. Isso eu falo e digo em relação à questão dos assessores, à questão dos funcionários da Casa, podem me cobrar isso. E sabem. Já disse que essa tem sido a minha postura. Mas nós vamos... (Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Registro a presença, que nos honra, do Pastor Lanza, Vice-Presidente da Associação Central Sul-Riograndense da Igreja Adventista. Seja muito bem-vindo.

O Ver. Elias Vidal está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, algumas pessoas que se encontram aqui neste plenário, os que nos assistem pela televisão, retorno a esta tribuna para dar continuidade à fala que fiz, porque, pela limitação de tempo, não pude continuar, então convém que eu faça um retrospecto da minha fala.

Venho a esta tribuna para falar, primeiramente, sobre um Projeto em que acredito, Projeto que trata de questões relacionadas a bares, restaurantes e bebidas alcoólicas. Eu sei que é um tema bastante complexo, mas precisamos falar sobre esse assunto. Se há aqueles que gostam de beber, de tomar pileques, de encher a cara, eu respeito. Eu não bebo, mas sou obrigado a respeitar aquele que gosta de beber. Só que o gostar de beber não pode ser em detrimento ao sono de outros. Estamos acostumados a ouvir que “o meu direito vai até a divisa do teu direito”; para as boas relações, tem que haver o direito.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Elias Vidal, eu quero que V. Exª faça justiça com os seus colegas. Sei que V. Exª não está tentando agredir nenhum deles, mas, por uma questão de justiça, o seu Projeto de Lei estava na Ordem do Dia de ontem, e o Ver. Sebastião Melo, se não estou equivocado, solicitou que o Projeto não fosse discutido, porque V. Exª avisou que tinha um compromisso fora e que não chegaria a tempo. O Projeto teria sido discutido e votado no dia de ontem. O Projeto só não foi discutido e votado em consideração a Vossa Excelência.

 

O SR. ELIAS VIDAL: É verdade. Ver. João Dib, só que há um detalhe: este Vereador, de forma muito responsável, ao sair da Casa, depois de passada uma parte da Ordem do Dia, foi à Diretoria Legislativa, deixou por escrito, assinado, dizendo que talvez não chegasse a tempo. Mas eu não concordo, Ver. João Dib, é com a forma covarde com que especialmente dois Vereadores usaram a tribuna no dia de ontem.

Só para as pessoas que estão nos assistindo pela televisão - o nosso número aqui está bastante reduzido: eu peguei as notas taquigráficas do discurso do Ver. Adeli Sell, que sempre gosta de apontar os erros de todo o mundo, ele é quem corrige todo o mundo. O Ver. Adeli Sell disse (Lê): “Este é o típico Projeto para enganar bobo. É uma lástima que o Vereador não esteja aqui. Ele é um ausente total”. Mas é muito covarde, é muito covarde! Eu acessei o site Transparência, e, pelo menos de janeiro do ano passado até fevereiro deste ano, o que consta no site? Ele faltou nove vezes, e eu tive oito faltas! Todos sabem que nós temos as Comissões, os trabalhos de campo, de rua, de avenida, de bairro, todos nós temos. Então, eu acho que o Ver. Adeli Sell foi extremamente covarde. Ele veio aqui com alguns adjetivos, dizendo que era um Projeto “papo-furado, furadíssimo”; “Projeto pega bobo”; “jogar para a torcida”; “canoa furada”. Que bom que o Ver. Adeli Sell retornou ao plenário, ele estava fora. Eu acho que o Ver. Adeli Sell tem que ter mais respeito com os colegas, porque eu não falto o respeito com ele.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite um aparte?

 

O SR. ELIAS VIDAL: Vossa Excelência vai ter a palavra se eu a conceder. Vossa Excelência não está tendo o meu respeito para eu lhe dar a palavra, V. Exª foi covarde ontem!

 

(Aparte antirregimental do Ver. Adeli Sell.)

 

O SR. ELIAS VIDAL: Não, eu não sou obrigado a dar!

 

(Aparte antirregimental do Ver. Adeli Sell.)

 

O SR. ELIAS VIDAL: Vai me bater? Esta é a atitude de um covarde que se aproveita de um colega fora do plenário. Quer dizer que as pessoas que querem dormir, que querem descansar, que não querem beber são obrigadas a ouvir a sua fala?

 

(Aparte antirregimental do Ver. Adeli Sell.)

 

O SR. ELIAS VIDAL: Vossa Excelência é que é covarde! Aproveitou a minha ausência aqui! Covarde é Vossa Excelência! Quando foi o Relator da Lei das Diretrizes Orçamentárias, V. Exª usou de uma forma e, quando eu agi como V. Exª, veio a esta tribuna e falou uma série de coisas! Vossa Excelência não tem caráter! Não tem caráter! Está virando as costas, está fugindo, porque não tem caráter!

 

(Aparte antirregimental do Ver. Adeli Sell.)

 

O SR. ELIAS VIDAL: Sim, tem que ter caráter. O cara para vir a esta tribuna tem que ter caráter.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Solicito que os ânimos sejam serenados, por gentileza.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Então, só tem vez quem gosta de beber, quem gosta de passar a noite batucando, quem gosta de passar a noite fazendo zoeira? E, se há uma família ali que quer descansar, dormir, ela não pode!? E eu não posso defender essa posição? É canoa furada? Eu não tenho o direito de fazer um Projeto e defendê-lo? Agora, quem bebe tem direito, e quem não bebe não tem direito! Todo o mundo sabe que uma criança precisa dormir para crescer, para descansar, para poder estudar. Todo mundo sabe disso. Isso não é segredo, ninguém é ignorante. Estou aqui com e-mails de famílias que moram em locais em que os bares ficam abertos até às 8 horas da manhã, bares em que o alvará não está correto. O alvará diz que é para bar, e está como casa de jogos. Está aqui, o Ver. Cecchim sabe disso. Eles tentam driblar, enganar, fecham a casa e abrem de outro jeito! Agora, não podem castrar a minha fala. Pode o Projeto não passar nesta Casa, mas ninguém vai me proibir de dizer isso.

Agora, o Ver. Adeli Sell é um covarde, atacou-me pelas costas. Disse que sou um faltoso...! Ele tem mais faltas que eu, eu tenho oito ausências, pelo menos é o que consta na Internet. Ele é o meu guardião, o meu juiz? Eu não tenho o direito de falar? Olhem a atitude dele: veio a esta tribuna, que é sagrada, e puxou o microfone, para me bater, para castrar a minha fala, a minha voz. Não tem vergonha! É uma falta de respeito pegar um colega pelas costas. Vossa Excelência pode não concordar com o meu Projeto, pode não concordar. O Ver. Brasinha, por exemplo, atacou o Projeto, mas nunca me atacou. E por que estou aqui agora? Porque o Ver. Adeli me atacou, atacou a minha pessoa, disse que era um Projeto para enganar bobo. Eu sou o quê? Um picareta? Um enganador? Então, cada um dos senhores faz um projeto, e, se o outro não concorda, é um picareta? Ele tem mania de falar isso.

Quando o Ver. Adeli foi o Relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias, que postura ele teve? Ele não deixou passar nenhuma Emenda. Mas ele acreditou que eu não teria capacidade de ir aos arquivos para olhar. E pensei: “Vou ver como é que ele agiu lá atrás” - por vários anos, eles estiveram no Governo. E, para minha surpresa, o Ver. Adeli Sell bateu em mim, eu sangrei nesta Casa. Vocês viram que a imprensa, depois, disse que eu agi corretamente, com responsabilidade. Bateu, foi baixo comigo, ele e o Ver. Comassetto. Depois, para minha surpresa, eu encontro o relatório dele igual ao meu! Como se chama isso? Digam-me! Então, eu não sei mais nada! Isso é falta de vergonha. Quando as luzes estão acesas, é uma atitude; quando se apagam, é outra. Podem não gostar do meu Projeto: “Vidal, eu não aceito o teu Projeto, mas eu te respeito.” Como faz o Ver. Brasinha: ataca sempre o Projeto, mas nunca V. Exas viram o Brasinha me atacar. E, no dia em que me atacar, ele também vai ouvir o que eu já falei para os outros.

 

O Sr. Alceu Brasinha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Elias Vidal, a gente sabe das convicções que cada um tem. Vossa Excelência tem essa convicção, acha que é certa, e, ao meu ver, eu acho errado o Projeto. Mas também tenho uma admiração por Vossa Excelência.

O que eu queria pedir é que V. Exª, em um ato de grandeza, retire o Projeto, porque ele é polêmico, e V. Exª sabe. Eu já tive um Projeto nessa área que levou cinco anos para ser aprovado. Esse Projeto pode trazer um enorme estrago a esta Cidade.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Só há um detalhe, pense bem: alguns Vereadores falaram aqui que o Projeto do Vidal vai fechar tudo às dez horas da noite. É mentira. Não é verdade! Estão fazendo uma afirmação enganosa, mentirosa, sabe por que, Ver. Brasinha? Porque às 22h é para área residencial, área que tem cem por cento vocação para residência. Ali não pode ter um bar para fazer zoeira. É a minha visão e tenho certeza de que é a visão das pessoas que moram nessas residências. Em área miscigenada, em área mista, passando das 22h, vai até a meia-noite. Depois da meia-noite, há um Decreto, e queremos regulamentar isso através de lei. Os estabelecimentos que passarem da meia-noite serão de entretenimento noturno, e para isso há todo um enquadramento de impacto de som, de vizinhança, enfim.

 

O Sr. Alceu Brasinha: É que o hábito do gaúcho é sair tarde. Eu estou há 33 anos em Porto Alegre e desde que eu cheguei aqui conheço bares e restaurantes onde há moradias. Imaginem quantos empregos oferece o setor! E são famílias que necessitam desses empregos. Então, eu queria mais uma vez pedir ao senhor que pense bem e retire o Projeto, para, quem sabe, a gente debater daqui a algum tempo, pois o Projeto não é bom para a Cidade, Vereador.

O SR. ELIAS VIDAL: Vereador, isso depende do ponto de vista. O emprego não pode estar acima da vida, da saúde. Vossa Excelência gosta de tomar uma cervejinha de vez em quando, não é? Mudou? Então, olha só: você vai a um bar, você bebe; dali a mais uns dias, você vai a outro bar, você bebe. Estou falando de uma forma genérica, é uma suposição. Aí, na outra semana, vai a outro bar. Só que são milhares de pessoas fazendo esse rodízio. O morador não muda! Aquele senhor que tem 70 anos, 80 anos, que mora ali há 40 anos, 50 anos não pode pagar o preço pelo fato de os Governos não terem organizado a Cidade através do Plano Diretor, achando o lugar adequado para uma área de entretenimento, como existe em outros lugares. Não existe uma área de entretenimento; vai haver com a revitalização do Cais do Porto. Mas não podemos pagar esse preço.

 

A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas, Ver. Elias, para lhe pedir que retire a palavra “covarde” em relação ao Ver. Adeli. A gente não tem governabilidade em relação ao Vereador ficar ou não no plenário, às vezes ele vai atender no gabinete, e a gente faz a crítica da tribuna, mas não quer dizer que está fazendo pelas costas. Fica gravado e tudo.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Se ele retirar os adjetivos que usou, eu retiro. Eu não tenho nenhuma dificuldade em retirar, mas que ele faça primeiro o tema de casa. Foi ele que me ofendeu, então, que ele faça o seu papel primeiro. Ele foi covarde comigo quando fez afirmações e tentou me agredir. Os senhores viram a falta de estrutura emocional dele, a falta de... (Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Encerrado o Grande Expediente.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. Nº 1147/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 059/10, de autoria do Ver. Pingo Vilar, que inclui a disciplina de Informática no currículo escolar do III ciclo do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1168/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 061/10, de autoria do Ver. Waldir Canal, que concede o título de Cidadão de Porto Alegre ao senhor Leonel Lucas Lima.

PROC. Nº 1598/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 074/10, de autoria do Ver. Engenheiro Comassetto e outros, que concede o título de Cidadã de Porto Alegre à senhora Dilma Vana Rousseff.

 

PROC. Nº 6072/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 263/09, de autoria do Ver. Bernardino Vendruscolo, que institui homenagem à Loja Maçônica A Virtude, constituída por um monumento em granito, sem ônus para o Município, e dá outras providências.

 

PROC. Nº 0636/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 018/10, de autoria do Ver. Aldacir José Oliboni, que institui o Censo das Pessoas com Deficiência ou Mobilidade Reduzida no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. Nº 0695/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 025/10, de autoria do Ver. Aldacir José Oliboni, que obriga o Executivo Municipal a divulgar relatório mensal das áreas contaminadas existentes no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1088/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 049/10, de autoria do Ver. Nilo Santos, que obriga os hipermercados, supermercados e simulares a realizarem o serviço de acondicionamento das mercadorias compradas pelos seus clientes e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1073/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 047/10, de autoria do Ver. Marcello Chiodo, que estabelece condições à concessão e à renovação do alvará de localização e funcionamento para estabelecimento no qual se exerça atividade de cabeleireiro, pedicuro ou manicuro, no Município de Porto Alegre.

 

PROC. Nº 1111/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 055/10, de autoria do Ver. Luciano Marcantônio, que institui, como uma política pública do Município de Porto Alegre, o Programa de Capacitação em Libras.

 

PROC. Nº 1149/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 060/10, de autoria do Ver. Pingo Vilar, que obriga as empresas com mais de 9 (nove) funcionários que receberem isenções ou incentivos fiscais do Município de Porto Alegre a disponibilizarem a pessoas que especifica, no mínimo, 10% (dez por cento) das vagas de emprego ofertadas, e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1200/10 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 005/10, de autoria do Ver. Bernardino Vendruscolo e outros, que altera o inc. I do art. 82 da Lei Complementar nº 7, de 7 de dezembro de 1973 – que institui e disciplina os tributos de competência do Município –, e alterações posteriores, alterando prazo para pagamento de impostos e taxa.

PROC. Nº 1399/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 067/10, de autoria do Ver. Carlos Todeschini, que obriga os estabelecimentos que comercializem produtos de alimentação, de higiene ou de limpeza, bebidas ou remédios a disponibilizarem lupas aos seus clientes.

 

PROC. Nº 1496/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 069/10, de autoria do Ver. Mauro Zacher, que denomina Rua Coronel Solon Rodrigues d’Ávila o logradouro público cadastrado conhecido como Rua 1307, localizado no Bairro Marcílio Dias.

 

PROC. Nº 1569/10 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 012/10, de autoria da Verª Sofia Cavedon, que concede o Troféu Câmara Municipal de Porto Alegre ao Clube de Cultura.

 

PROC. Nº 1654/10 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 012/10, que extingue 2 (dois) cargos em comissão e cria 1 (um) cargo em comissão e 2 (duas) funções gratificadas na Administração Centralizada, a serem lotados na Secretaria Municipal da Cultura (SMC), constantes da letra “c” do Anexo I da Lei nº 6.309, de 28 de dezembro de 1988, e alterações posteriores, e altera o art. 1º da Lei nº 8.689, de 28 de dezembro de 2000.

 

PROC. Nº 4420/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 217/09, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que denomina Rua José Bráulio da Fonseca o logradouro público cadastrado conhecido como Rua 7060 – Loteamento Hípica Boulevard.

 

PROC. Nº 6033/09 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 028/09, de autoria do Ver. Alceu Brasinha, que altera o § 1º do art. 1º da Lei Complementar nº 554, de 11 de julho de 2006 – que institui a Autorização para o Funcionamento de Atividades Econômicas no Município de Porto Alegre, dispõe sobre sua aplicação, expedição, vigência, renovação e cancelamento e dá outras providências –, ampliando o período de vigência das autorizações expedidas.

 

PROC. Nº 0928/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 038/10, de autoria do Ver. Carlos Todeschini, que denomina Unidade Básica de Saúde Paulo Viaro o equipamento público localizado na Avenida do Lami nº 4488. Com Substitutivo nº 01.

 

PROC. Nº 0974/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 042/10, de autoria do Ver. Alceu Brasinha, que estabelece a velocidade máxima permitida de 70km/h (setenta quilômetros por hora) para o tráfego de veículos automotores nas vias urbanas do Município de Porto Alegre em que o limite atual seja de 60km/h (sessenta quilômetros por hora) e dá outras providências.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, apenas gostaria de fazer o registro de que estou encaminhando uma homenagem ao nosso Clube de Cultura, Ver. Dib. Esse Clube é um clube da resistência e que, durante a ditadura militar, teve repressão, mas manteve-se ativo na cultura, teve grandes momentos na cultura do Estado do Rio Grande do Sul. Hoje tem uma Diretoria que é bonita de se ver, uma Diretoria que tem jovens e que tem dinossauros, no bom sentido, mantendo as atividades de debate, atividades culturais. Fica no coração da Cidade, na Redenção, na Rua Ramiro Barcelos. Tem um teatro impressionante, um espaço que está subutilizado, porque precisa de uma grande reforma, mas há um movimento de reestruturação do estatuto, e a Diretoria - Ver. Dib, o Projeto está na pauta, é sobre o Clube de Cultura, está na última folha - está buscando recursos federais para fazer toda uma reparação e recuperação daquele espaço, que, tenho certeza, voltará a ser um grande polo de cultura na cidade de Porto Alegre.

Amanhã estaremos conversando com o Clube de Cultura para ver se o Clube abrigaria o Clube do Choro. O Clube do Choro está sem lugar, não renovou com o Ipiranguinha, e muitos aqui sabem o que é o momento de encontro de música de boa qualidade, que é o Clube do Choro. Acho que a Câmara deve se envolver porque, inclusive, é um ponto turístico da cidade de Porto Alegre, de memória da boa música, de garantia de alto nível de cultura, e nós temos que lamentar não termos um espaço para esse encontro, que ocorre sempre na quinta-feira à noite. Eles estão mais tristes porque o Clube do Choro não recomeçou no ano de 2010. Amanhã, vamos ter uma conversa com o Clube do Choro e o Clube de Cultura. Acho que o Clube de Cultura é um belo espaço para a retomada do Clube do Choro.

Esta Câmara vai homenagear o Clube de Cultura com o Troféu Câmara, no sentido de fortalecer quem está lá resistindo, para que aquele lugar volte a viver os tempos de glória, de energia, de fortalecimento que já viveu, ele representou muito para a resistência contra a ditadura, contra toda discriminação. E a Cidade precisa muito de espaços culturais. Ver. Dib, o senhor deseja fazer um aparte?

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Verª Sofia, cumprimento-a pela iniciativa. Acho que o Clube de Cultura poderia iniciar um trabalho no sentido de que os pichadores desta Cidade não depredassem tudo aquilo que representa cultura para a nossa Cidade. Eu vi que no Rio de Janeiro estão usando gelo seco para limpar as paredes. Poderiam movimentar os pichadores no sentido de eles não fazerem mais isso, no sentido até de eles ajudarem a limpar a cidade de Porto Alegre, que está tão prejudicada pela ação desses jovens, que eu até entendo, mas eles não servem à sua Cidade e a depredam.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Alternativas, Ver. Dib, não é? O Clube de Cultura é uma alternativa de espaço para a juventude. Eles precisam de locais, de espaços culturais, de mobilização cultural para as suas manifestações. Ninguém vai apoiar vandalismo aqui, mas os jovens querem se expressar, querem falar, e a Cidade tem muitos muros, cada vez menos espaços públicos e cada vez menos os entende, e eles estão cada vez mais individualizados, só no meio virtual. Então, precisamos desses espaços de encontros, de convivência, de vivência da cultura, que é a forma de fazê-los pensar o seu mundo, de se sentirem cidadãos, de se sentirem sujeitos. A cultura produz sujeitos, produz cidadania. Então, toda a força e longa vida ao Clube de Cultura.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Eu quero dizer, Verª Sofia, que compactuo com todas as suas palavras. Nós já fizemos aqui uma homenagem, já anunciei o Clube do Choro; eu acho que é de grande importante tanto quando se apresentam na Riachuelo como no Ipiranguinha. Acho que temos que cada vez mais incentivar, porque é uma maravilha a apresentação daquelas pessoas que revivem a nossa história. Está de parabéns.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA (Requerimento): Solicito verificação de quórum.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): A pedido do Ver. Haroldo de Souza, faremos verificação de quórum. (Após a apuração nominal.) Não há quórum.

Desejamos a todas as mães porto-alegrenses um feliz Dia das Mães.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h11min.)

 

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